Fiscalização
Quatro locais suspeitos de receptar fios furtados no bairro Menino Deus, em Porto Alegre, são interditados em operação
Ação conjunta entre Polícia Civil e Brigada Militar, com apoio da prefeitura, identificou estabelecimentos que não tinham licença ambiental nem alvará apropriado

A 2ª Delegacia da Polícia Civil e o 1º Batalhão da Brigada Militar realizam, na manhã desta sexta-feira (15), ação contra a receptação de fios furtados em Porto Alegre. O foco é no bairro Menino Deus, onde foram vistoriados quatro ferros-velhos. Os estabelecimentos operavam de forma irregular e foram interditados temporariamente.
A ação foi desencadeada pela delegada Cristiane Ramos, da 2ª DP, e pelo capitão Ruan Ribeiro, do 1º BPM. A operação, denominada Circuito Fechado, teve apoio de fiscais da prefeitura de Porto Alegre.
Três dos locais vistoriados ficam na Vila Lupicínio. O quarto é na Rua Mariano de Matos, na Vila Cruzeiro.
A fiscalização da BM constatou que os locais não possuíam licença ambiental apropriada para funcionamento. Dois dos estabelecimentos tinham CNPJ para funcionarem com compra e venda de material reciclável, mas não possuíam alvará da prefeitura, até por ficarem em área inapropriada. Já os outros dois não tinham alvará. Os quatro ferros-velhos comercializavam metais e plástico. Uma caixa de fios foi encontrada e o material será periciado.

A intenção dos policiais é coibir a receptação de material furtado. Porto Alegre registrou, no último semestre, mais furtos de fios do que em todo o ano passado. Foram 1.412 casos de janeiro a junho, contra 1.369 em todo 2023. Se comparado o primeiro semestre deste ano com o mesmo período de 2023, o número de furtos mais do que dobrou, como mostrou recente reportagem do Grupo de Investigação da RBS (GDI).
Foram exibidos vários flagrantes de ladrões em ação e de moradores de rua queimando a capa dos fios furtados, antes de vendê-los. Foram também entrevistadas vítimas que tiveram grande prejuízo com o corte de cabos energéticos, como uma cabeleireira que teve de fechar o seu salão, porque ficou praticamente um mês sem luz e perdeu cerca de R$ 15 mil no faturamento.
Como alternativa para conter a receptação, o prefeito Sebastião Melo apoia um projeto de lei do vereador Ramiro Rosário (Novo) que visa proibir os ferros-velhos na cidade. Existem pelo menos 37 estabelecimentos desse tipo mapeados e só seriam permitidas iniciativas comunitárias, de catadores de lixo seco.
Melo considera que existe uma cadeia do crime que precisa ser quebrada. E que geralmente quem compra o fio sabe que é uma coisa furtada.
A alta demanda por fios é reflexo de crise no fornecimento de cobre por parte de alguns países, como o Chile. E também da guerra na Ucrânia. A Polícia Civil e a BM tentam reprimir o furto. No último semestre, foram presos 52 ladrões e receptadores, recuperadas 14 toneladas de fios e fiscalizados 81 locais suspeitos, com apoio de fiscais do município de Porto Alegre.