Eu Sou do Samba
Celebrado no Carnaval: relembre os enredos que homenagearam Luis Fernando Verissimo em Porto Alegre
Colunista Alexandre Rodrigues escreve sobre Carnaval e samba todas as quintas-feiras


No sábado passado (30), o Brasil se despediu de Luis Fernando Verissimo. Porto-alegrense que tantas vezes retratou sua cidade natal em crônicas, ele também foi homenageado no Carnaval da Capital: em 1988 pela Estação Primeira da Figueira, em 1999 pela Vila Isabel e em 2014 pela Imperadores do Samba.
A coluna de hoje é uma colaboração com o repórter da Rádio Gaúcha Gustavo Gossen, que também abordará o tema nesta sexta-feira (5) em seu comentário no programa Estúdio Gaúcha.
1988
A primeira homenagem a Luis Fernando Verissimo foi feita pela Estação Primeira da Figueira, em 1988, com o enredo A Visita de Luis Fernando Verissimo ao Paraíso do Humor.
Quem conta essa história é André Machado, que participou do desfile fantasiado do famoso personagem Analista de Bagé:
— Eu acompanhei a construção (do desfile) nas conversas em família. A partir disso, surgiu um enredo criado pelo meu irmão, Álvaro (Machado), junto com um samba que muita gente não sabe, mas foi composto pelo meu pai (Dilamar Machado). A letra dizia: “Nascido filho de peixe, saiu peixinho e depois virou peixão. Em livro, jornal ou revista, é o humorista preferido do povão”.
Naquele ano, a escola conquistou o título de campeã do Grupo III. Verissimo não pôde comparecer ao desfile oficial, pois estava em Punta del Este. No entanto, fez questão de estar presente no desfile das campeãs.

1999
Em 1999, foi a vez da Vila Isabel homenagear Luis Fernando e seu pai, Erico Verissimo, com o enredo De Verissimo a Verissimo e suas Obras.
A escola levou à Avenida alegorias e fantasias inspiradas em cinco obras de cada autor, como Clarissa, O Tempo e o Vento, O Popular e A Comédia da Vida Privada. O desfile contou com a participação da esposa de Luis Fernando, Lúcia, e dos filhos dele, Mariana e Pedro. O escritor preferiu não desfilar e assistiu à apresentação em um camarote.
O samba-enredo — um dos mais lembrados da escola até hoje — foi assinado por Aryzinho Rodrigues.
— Quando compus esse samba, eu não tinha um enredo, só a ideia. Antes de ir para o colégio, eu passava na biblioteca para me inteirar um pouco mais sobre a obra de pai e filho. Um certo dia, no ônibus, o samba veio todinho na minha cabeça. O Luis Fernando ficou impressionado com a letra. Lembro dele ter dito: “Que letra engenhosa.” Achei isso demais — recorda o intérprete, destacando:
— Luis Fernando foi um escritor que inspirou um poeta da Vila a escrever um dos melhores sambas da vida. “Verissimo! Bravíssimo! ‘Tchê’ esquecer jamais”, ele adorou esse verso.

2014
A terceira homenagem ocorreu em 2014, quando a Imperadores do Samba levou ao Porto Seco o enredo A Imperadores do Samba Faz a Justa Homenagem aos Personagens de Luis Fernando Verissimo.
Diferentemente das homenagens anteriores, Verissimo participou do desfile. Ele esteve presente no último carro alegórico. Ao descer da alegoria, declarou à imprensa que estava emocionado.
O carnavalesco da época, Silvio de Oliveira, lembra de um episódio:
— Eu participei de uma gravação com ele, acho que um mês antes do Carnaval. Até então, eu não tinha perguntado com que roupa ele queria desfilar. Depois da gravação, perguntei: “Como é que o senhor se sente mais confortável? De vermelho ou de branco?” E ele respondeu: “Como é que tu quer que eu vá?” Eu disse: “Vou te dar a liberdade de escolher.” Ele falou: “Pra mim pode ser de branco. Eu me sinto mais à vontade de branco.” Aí ele foi de branco, e a gente fez o carro todo em vermelho.
A Imperadores conquistou o título de campeã do Grupo Especial naquele ano.
