Orgulho gaúcho
Chuva não afasta público do Acampamento Farroupilha de Porto Alegre no 20 de Setembro
Visitantes dividiram espaço entre as vias em busca de shows, alimentos, itens da cultura gaúcha e atividades culturais no Dia do Gaúcho

Mesmo com céu cinza e chuva fraca que insistia em cair sobre Porto Alegre, neste sábado (20), o Acampamento Farroupilha da Capital recebeu grande público durante os festejos do 20 de Setembro. Como não podia ser diferente, o Parque Maurício Sirotsky Sobrinho estava envolto em uma nuvem de fumaça, produzida pela brasa do churrasco que fumegava as mais variadas peças de carne sem pressa em boa parte dos piquetes. Esse é o penúltimo dia de evento.
Em meio ao nevoeiro e cheiro que atiçava o estômago, visitantes dividiram espaço entre as vias em busca de shows, alimentos, itens da cultura gaúcha e atividades culturais no Dia do Gaúcho. Enquanto não achavam pouso, tinham visão da animação dos piquetes, marcados por comida boa e música animada.
Um dos cortes mais especiais do churrasco gaúcho, a costela era a grande estrela nos assados. No piquete Desgarrados da Cavalhada, que completa 30 anos de história em 2025, o assador Volnei Pereira dos Santos, 48 anos, colocava mais lenha no fogo de chão que preparava um tradicional costelão no local. Espetada em direção ao solo, a peça estava assando por cerca de 7 horas.
O osso já começava a descolar da carne, um sinal clássico de que a iguaria campeira já estava quase pronta. Santos ia esperar mais uma hora para tirar do espeto e servir. Quem passava pelo local era atraído pelo cheiro, fumaça e calor gerado pelo costelão em brasa. O assador diz que o segredo para não errar no processo e conseguir uma carne macia e suculenta é a paciência:
— O processo é lento. Usamos pouco fogo, mas sempre contínuo, cuidando da brasa. Que daí a costela defuma e depois fica pronta e macia.

Mesmo com os pingos de chuva que insistiam em cair ao longo da tarde deste sábado, poucos visitantes tentavam contornar o mau tempo com guarda-chuvas. Alguns optavam por capas, principalmente para crianças ou buscavam abrigos em piquetes ou locais de alimentação e de show.
Na área central do parque, um grupo tradicionalista animava os presentes, que se embalavam ao som de músicas gauchescas. A poucos metros do palco, uma bandinha alemã circulava pelo local anunciando o período de Oktoberfest que se aproxima.
O casal de Guaíba Leonardo Pedroso, 24 anos, e Kauanne Panichi, 23 anos, não se intimidou com a instabilidade do clima e resolveu frequentar o local neste sábado. Pedroso ainda não tinha ido ao acampamento depois de adulto. Kauanne visita pela primeira vez.
— Gostei bastante das casinhas (piquetes). Achei muito bacana e organizado. Eu até pensei que poderia estar muito embarrado, porque o pessoal fala que costumava ficar por causa da chuva, mas até que não estava tanto. Achei bem bacana.

Pedroso destaca que o casal costuma frequentar e gosta muito do Acampamento Farroupilha de Guaíba, mas que ficou muito impactado com o tamanho de Porto Alegre, que demanda alguns minutos dos visitantes para passar por todas as áreas.
Além dos visitantes de primeira viagem, o local também recebe veteranos que há anos frequentam o local de maneira assídua, faça chuva ou faça sol. É o caso de Osmario Brusch, 72 anos, e Luci Peres, 69 anos, que visitam o Acampamento Farroupilha de Porto Alegre há 20 anos.
— Tá melhor, cada vez melhor. Não tem mais barro. Tá uma maravilha. A gente ia vir de qualquer jeito, mesmo com chuva. Nós sempre participamos do desfile e depois viemos para o acampamento — resume Brusch.

Com o avanço da tarde, o número de pessoas diminuía no complexo e ficava mais fácil passear pelos piquetes, de onde, além do cheiro da carne em brasa e fumaça, vinha som de fole de gaita, violão e faca em ação.
O Acampamento Farroupilha termina neste domingo (21).