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Corpo deixado em mala: como suspeito foi preso após morte de mulher em pousada, segundo polícia

Investigado teria cometido o crime no mesmo local onde ele e a vítima estavam hospedados. Já prisão ocorreu em outra pousada de Porto Alegre

07/09/2025 - 10h28min


Zero Hora
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Ronaldo Bernardi/Agencia RBS
Ricardo Jardim foi preso após ser localizado em pousada.

A investigação do caso que culminou na prisão de um homem suspeito de esquartejar e espalhar partes do corpo da vítima em Porto Alegre, revelou que duas pousadas da Zona Norte foram centrais na dinâmica do crime e na captura do investigado. Na noite de quinta-feira (4), o homem, identificado como Ricardo Jardim, 66 anos, foi localizado em outra pousada, onde havia se hospedado com nome falso (veja abaixo o que a polícia já estabeleceu sobre a dinâmica do crime).

Segundo a Polícia Civil, o assassinato aconteceu no dia 9 de agosto, dentro da primeira pousada onde o suspeito residia há alguns meses. Foi nesse local que ele teria preparado o ambiente para matar e desmembrar a vítima, utilizando lona, fita e vedação para isolar o cômodo.

Após o crime, o homem teria permanecido na pousada por alguns dias. No dia 13 de agosto, ele teria descartado os primeiros membros da vítima no bairro Santo Antônio. Já no dia 20, deixou uma mala com o torso da mulher no guarda-volumes da Rodoviária de Porto Alegre. A mala permaneceu no local por 12 dias até ser descoberta por um funcionário, devido ao odor.

A movimentação entre as pousadas foi um dos elementos que ajudaram a polícia a traçar o trajeto do suspeito. Após sair da primeira pousada, ele foi visto com uma mala e se dirigiu a um segundo estabelecimento. A polícia acredita que o descarte final das partes restantes do corpo da vítima ocorreu nesse intervalo.

A identificação do suspeito foi possível graças à investigação tradicional: policiais refizeram o trajeto do homem a partir da Rodoviária, analisando imagens de câmeras de segurança de 34 estabelecimentos. Em uma delas, ele aparece sem máscara em um supermercado, o que permitiu a identificação facial. A partir daí, os agentes localizaram a primeira pousada e, posteriormente, a segunda.

No local, o suspeito foi abordado pelos policiais enquanto tomava café, e levado ao quarto onde estava hospedado. Lá, foram encontrados comprovantes de transações bancárias entre ele e a vítima, além dos cartões dela, reforçando a hipótese de motivação financeira.

A polícia ainda busca a cabeça da vítima, que não foi localizada. O delegado responsável pela investigação afirmou que o suspeito não revelou onde a descartou, mas indicou que sabia da aproximação da polícia e se desfez da parte final do corpo.

A investigação segue com foco na análise dos eletrônicos apreendidos, que podem revelar mais sobre o histórico do suspeito, inclusive o uso de perfis falsos em redes sociais para atrair mulheres.

Divulgação/Polícia Civil
Homem deixou parte do corpo da vítima em mala.

Identificação da vítima

A confirmação da identidade da vítima depende de comparação genética com amostras da família. Como a cabeça não foi localizada, a conclusão de laudos periciais é mais difícil, segundo os investigadores.

No entanto, a Polícia Civil acredita que a vítima seja uma mulher com 65 anos, moradora de Porto Alegre e natural de Arroio Grande, que trabalhava como manicure. Essa mulher, com quem o homem mantinha um relacionamento casual, também estaria morando na pousada onde aconteceu o crime.

O Instituto-Geral de Perícias (IGP) confirmou que os membros encontrados em 13 de agosto e o torso deixado em mala no guarda-volumes da Rodoviária, identificado no dia 1º de setembro, pertencem a mesma pessoa.

O IGP também relatou que, a partir dos nós dos sacos de lixo que envolviam os fragmentos, foi extraído um perfil genético masculino que coincidiu com o de um condenado no Banco de Perfis Genéticos do RS, resultado que sustentou o pedido de prisão do suspeito.

A etapa que segue é o comparativo com DNA da família para fechar a identificação da vítima. Na coletiva de imprensa realizada na sexta-feira (5), a Polícia Civil reiterou que a coleta de material dos familiares será feita para a confirmação formal e que a família, do interior do RS.

Quem é o suspeito

Bruna Faraco/Divulgação/TJ-RS
Ricardo Jardim foi julgado pelo assassinato da mãe em 2018.

Antes do caso da mala, Ricardo Jardim foi preso e condenado por assassinar a própria mãe e concretar o corpo dela, dentro do apartamento onde ela vivia, no bairro Mont’Serrat. Conforme a investigação, ele tentou evitar que a morte da mãe fosse descoberta, alegando aos familiares que ela havia viajado.

Em 2018, Jardim foi condenado a 28 anos de prisão pelo crime. No início do ano passado, por decisão da Justiça, ele progrediu para o regime semiaberto no ano passado, e estava foragido desde o começo deste ano.

Zero Hora tenta contato com a defesa de Ricardo Jardim. O espaço está aberto para manifestação.

O que a polícia já estabeleceu sobre a dinâmica

Depósito da mala

Câmeras mostram um homem deixando a mala no dia 20 de agosto no guarda-volumes da Rodoviária. O objeto ficou no local por cerca de 12 dias, até ser aberto pela equipe do setor devido ao odor.

Planejamento e ocultação

O autor removeu as pontas dos dedos dos membros para dificultar a identificação e deixou a cabeça por último, estratégia que, segundo a polícia, visava retardar o reconhecimento da vítima.

Relacionamento e possível motivação

Segundo a investigação, o suspeito mantinha relacionamento com a vítima e tentou usar os cartões dela. Comprovantes de transações entre ambos foram encontrados. A motivação financeira é apurada.

Apreensões

Com o suspeito, os policiais apreenderam celulares e notebook. O material será periciado após pedidos judiciais de acesso aos dados.

Classificação do crime

A Polícia Civil trata o caso, neste momento, como feminicídio. Laudos complementares devem apontar a causa da morte quando houver reunião de todas as partes do corpo.


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