Fenômeno climático
El Niño ou La Niña: o que a temperatura do Oceano Pacífico indica para os próximos meses?
Organização Meteorológica Mundial (OMM) aponta que o padrão de neutralidade pode estar com os dias contados no Rio Grande do Sul

Informações mais recentes da Organização Meteorológica Mundial (OMM) indicam aumento da probabilidade de desenvolvimento de um novo La Niña nos próximos meses, fenômeno capaz de influenciar o clima de diversas partes do mundo.
Atualmente, o Rio Grande do Sul encontra-se sob a condição de neutralidade climática. Isso significa que as temperaturas da superfície do Pacífico equatorial estão na faixa considerada normal (sem aquecimento ou resfriamento significativo), o que não está provocando alterações no clima. Contudo, conforme aponta a Climatempo, a partir dos indicadores de entidades internacionais de monitoramento, esse padrão pode estar com os dias contados.
O que é o La Niña
O La Niña é um fenômeno climático caracterizado pelo resfriamento da superfície das partes central e leste do Oceano Pacífico equatorial. Ele é o oposto do El Niño, o qual se diferencia por um aquecimento acima da média.
Ambos fazem parte do ciclo conhecido como El Niño-Oscilação Sul (ENOS) e são considerados importantes porque a situação dos oceanos impacta diretamente na atmosfera. A mudança na água do Pacífico está associada a alterações na circulação atmosférica tropical, influenciando os regimes de vento, de temperatura e de chuva.
De 2020 a 2023, por exemplo, ocorrências de La Niña persistentes provocaram efeitos no Rio Grande do Sul, como a redução no volume e na frequência da precipitação, assim como na temperatura que, por vezes, ficou abaixo da média no Estado.
O que apontam os modelos meteorológicos mais recentes
De acordo com a Organização Meteorológica Mundial, vem sendo registrado um resfriamento sequencial das águas do Pacífico, o que indica uma propensão para o desenvolvimento do La Niña. Essa probabilidade se fortalece com o avanço da primavera, tornando cada vez mais provável a instalação do fenômeno ainda em 2025.
As previsões indicam que há 55% de chance de formação de La Niña de setembro a novembro. De outubro a dezembro, essa possibilidade é elevada para 60%. Em contrapartida, até o momento, a expectativa de surgimento de uma condição de El Niño é considerada nula.
A meteorologista Danielle Barros Ferreira, assessora técnica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), aponta que, de fato, está sendo observado um resfriamento oceânico. No entanto, ainda não é possível confirmar se o fenômeno vai se concretizar. Um nível maior de confiabilidade será constatado apenas nos próximos meses.
O mesmo é corroborado pelo meteorologista Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos do Rio Grande do Sul (Simagro-RS). Ele estima que entre o fim de setembro e o início de outubro os dados ofereçam uma melhor previsibilidade sobre o estabelecimento do evento.
Se houver La Niña, como será?
Caso o La Niña venha a se confirmar, segundo Danielle Barros, o fenômeno será de curta duração e de baixa intensidade. Dessa forma, terá uma menor influência nos padrões climáticos regionais.
— Quanto maior a intensidade, maior o impacto. Porém, de forma geral, o que se espera para a região sul do Brasil seria uma redução das chuvas. Ou seja, índices ligeiramente abaixo da média. Para o norte e nordeste do país, mais chuva — afirma Danielle.
De acordo com Varone, para os meses de setembro e outubro são esperados acumulados de chuva dentro da média histórica e até acima em alguns momentos, principalmente na região centro-norte gaúcha. Para novembro e início de dezembro, um período um pouco mais seco pode ser visto, como uma possível consequência do resfriamento oceânico.
— A intensidade varia de acordo com o fenômeno, e as consequências também são diferentes. Como está sendo previsto um fenômeno fraco em boa parte dos modelos climáticos, a consequência para nós, se confirmando o La Niña, é que devemos ter uma diminuição da chuva ao longo da primavera e no início do verão — diz o meteorologista.
RS sob neutralidade climática
Sem influência significativa de La Niña ou El Niño, o Rio Grande do Sul encontra-se sob o limiar de neutralidade climática. Uma das consequências desse cenário é o estabelecimento de uma barreira de previsibilidade. Isso indica que há uma incerteza maior sobre o prognóstico das mudanças sazonais, já que o clima fica mais suscetível a outros elementos que aparecem apenas no curto prazo. A partir disso, as condições tendem a ser mais imprevisíveis, pois não há um padrão dominante influenciando a chuva e a temperatura.
*Produção: Carolina Dill
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