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Fenômeno climático

El Niño ou La Niña: o que a temperatura do Oceano Pacífico indica para os próximos meses?

Organização Meteorológica Mundial (OMM) aponta que o padrão de neutralidade pode estar com os dias contados no Rio Grande do Sul

10/09/2025 - 11h00min


Zero Hora
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Lauro Alves/Agencia RBS
Padrões atmosféricos estão diretamente relacionados à situação dos oceanos.

Informações mais recentes da Organização Meteorológica Mundial (OMM) indicam aumento da probabilidade de desenvolvimento de um novo La Niña nos próximos meses, fenômeno capaz de influenciar o clima de diversas partes do mundo.

Atualmente, o Rio Grande do Sul encontra-se sob a condição de neutralidade climática. Isso significa que as temperaturas da superfície do Pacífico equatorial estão na faixa considerada normal (sem aquecimento ou resfriamento significativo), o que não está provocando alterações no clima. Contudo, conforme aponta a Climatempo, a partir dos indicadores de entidades internacionais de monitoramento, esse padrão pode estar com os dias contados.

O que é o La Niña

O La Niña é um fenômeno climático caracterizado pelo resfriamento da superfície das partes central e leste do Oceano Pacífico equatorial. Ele é o oposto do El Niño, o qual se diferencia por um aquecimento acima da média.

Ambos fazem parte do ciclo conhecido como El Niño-Oscilação Sul (ENOS) e são considerados importantes porque a situação dos oceanos impacta diretamente na atmosfera. A mudança na água do Pacífico está associada a alterações na circulação atmosférica tropical, influenciando os regimes de vento, de temperatura e de chuva.

De 2020 a 2023, por exemplo, ocorrências de La Niña persistentes provocaram efeitos no Rio Grande do Sul, como a redução no volume e na frequência da precipitação, assim como na temperatura que, por vezes, ficou abaixo da média no Estado.

O que apontam os modelos meteorológicos mais recentes

De acordo com a Organização Meteorológica Mundial, vem sendo registrado um resfriamento sequencial das águas do Pacífico, o que indica uma propensão para o desenvolvimento do La Niña. Essa probabilidade se fortalece com o avanço da primavera, tornando cada vez mais provável a instalação do fenômeno ainda em 2025.

As previsões indicam que há 55% de chance de formação de La Niña de setembro a novembro. De outubro a dezembro, essa possibilidade é elevada para 60%. Em contrapartida, até o momento, a expectativa de surgimento de uma condição de El Niño é considerada nula.

A meteorologista Danielle Barros Ferreira, assessora técnica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), aponta que, de fato, está sendo observado um resfriamento oceânico. No entanto, ainda não é possível confirmar se o fenômeno vai se concretizar. Um nível maior de confiabilidade será constatado apenas nos próximos meses.

O mesmo é corroborado pelo meteorologista Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos do Rio Grande do Sul (Simagro-RS). Ele estima que entre o fim de setembro e o início de outubro os dados ofereçam uma melhor previsibilidade sobre o estabelecimento do evento.

Se houver La Niña, como será?

Caso o La Niña venha a se confirmar, segundo Danielle Barros, o fenômeno será de curta duração e de baixa intensidade. Dessa forma, terá uma menor influência nos padrões climáticos regionais. 

— Quanto maior a intensidade, maior o impacto. Porém, de forma geral, o que se espera para a região sul do Brasil seria uma redução das chuvas. Ou seja, índices ligeiramente abaixo da média. Para o norte e nordeste do país, mais chuva — afirma Danielle.

De acordo com Varone, para os meses de setembro e outubro são esperados acumulados de chuva dentro da média histórica e até acima em alguns momentos, principalmente na região centro-norte gaúcha. Para novembro e início de dezembro, um período um pouco mais seco pode ser visto, como uma possível consequência do resfriamento oceânico.

— A intensidade varia de acordo com o fenômeno, e as consequências também são diferentes. Como está sendo previsto um fenômeno fraco em boa parte dos modelos climáticos, a consequência para nós, se confirmando o La Niña, é que devemos ter uma diminuição da chuva ao longo da primavera e no início do verão — diz o meteorologista.

RS sob neutralidade climática

Sem influência significativa de La Niña ou El Niño, o Rio Grande do Sul encontra-se sob o limiar de neutralidade climática. Uma das consequências desse cenário é o estabelecimento de uma barreira de previsibilidade. Isso indica que há uma incerteza maior sobre o prognóstico das mudanças sazonais, já que o clima fica mais suscetível a outros elementos que aparecem apenas no curto prazo. A partir disso, as condições tendem a ser mais imprevisíveis, pois não há um padrão dominante influenciando a chuva e a temperatura.

*Produção: Carolina Dill

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