Todos os dias, antes do raiar do sol, um grupo de 35 pessoas se espalha pelas ruas de Porto Alegre e Região Metropolitana, carregando as páginas que guardam as informações do dia. Entre sorrisos e desejos de bom dia, os jornaleiros da Zero Hora e do Diário Gaúcho mantêm uma rotina que inicia às três da manhã. Às 6h, já estão distribuindo os jornais para a comunidade.

Hoje é celebrado o Dia do Jornaleiro, que destaca o cotidiano desses profissionais que são parte da engrenagem que faz as notícias saírem da redação e chegarem aos leitores.

Dentre as histórias vividas por esses profissionais do Grupo RBS, se destaca uma de mãe e filha. Quem se aproxima do Largo Glênio Peres, em frente ao Mercado Público da Capital, enxerga uma mulher vestida com as cores amarelo e preto e carregando pilhas de jornais. 

Vivian dos Santos Castro, 45 anos, acumula 26 anos de profissão. Esse tempo fica maior se considerar os anos em que ela foi companheira de sua mãe, Edi Maria Marques dos Santos, 75 anos. É que, na falta de alguém com quem deixar a filha, a hoje aposentada costumava levar Vivian para o trabalho.

Família 

Em seus mais de 35 anos como jornaleira, Edi Maria passou o seu amor pela distribuição de jornais para a filha. Ao relembrar sua infância, Vivian destaca que suas primeiras memórias são das ruas, enquanto sua mãe vendia jornal. Ela observava o contato com os clientes que, muitas vezes, se tornavam amigos. 

Atingindo a maioridade, Vivian assinou pela primeira vez sua carteira de trabalho com a Zero Hora e deu início, oficialmente, a sua carreira como jornaleira, que segue até hoje.

– Eu entrei no jornal para ajudar, e também era uma maneira de ficar mais perto dela (da mãe) – relembra. 

Ao falar sobre sua simpatia, que virou marca registrada, Vivian comenta que muitas vezes um bom dia mais animado já cativa as pessoas. Ela destaca que, cotidianamente, constrói a sua relação com os clientes e, quando algum deles não aparece para comprar, já sente falta.

Mãe do João Vitor, 20 anos, ela conta que sente muito orgulho da profissão e das memórias que têm construído no seu trabalho. Ainda relembra que Edi Maria demonstrou alegria ao saber de sua escolha:

– Ela ficou faceira porque tudo que adquirimos nas nossas vidas, desde quando eu era pequena até agora, na minha fase adulta, foi através do trabalho com o jornal. Os estudos do meu filho foram através disso. Então, tudo que aprendi foi por meio da minha mãe, sendo jornaleira.

Irmãos 

A união familiar também está com Claudiomiro Ferreira Machado, 56 anos, e Rogério Ferreira Machado, 57 anos. Os irmãos de Viamão compartilham da profissão há quase 30 anos. 

Inspiração

Isaías Silva, 62 anos, está há 14 anos na profissão. Pai solo de três mulheres, o jornaleiro conta que sempre incluiu as filhas em seu dia a dia. A mais velha, Sarah, tinha apenas sete anos quando o pai iniciava na profissão. Isaías conta que, nos finais de semana, ela o acompanhava até a sede do Grupo RBS. O vendedor hoje se orgulha da trajetória da filha que, com 21 anos, se forma esse ano e atualmente trabalha no setor comercial da mesma empresa.

Juntos 

Mesmo trabalhando em pontos diferentes, o casal de jornaleiros Telmo Luis Alves Carvalho, 55, e Fabiana Flores da Rosa, divide a jornada até o trabalho, que se inicia às 4h, em Viamão. 

Orgulho

Marcio Soares de Souza, chefe da equipe de jornaleiros, comenta que acredita muito no potencial da sua equipe e que se orgulha de seus profissionais “levarem a notícia a pontos que a notícia não chega”. 

– Eles são guerreiros, porque mesmo na chuva, no sol, frio, calor, estão lá vendendo, sorrindo, sempre bem-humorados e procurando cativar os clientes deles. Isso me orgulha muito – diz Souza.

*Produção: Josyane Cardozo