Coluna da Maga
Magali Moraes: arejar a casa
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho


Dizem que manter a casa organizada ajuda a nossa organização interna. Pra mim, faz todo o sentido. Se ao redor cada coisa está no seu lugar, parece que tudo se organiza mais fácil na minha cabeça. A mesa de trabalho em dia, a cama arrumada, as louças guardadas, as contas pagas, a lista de compras feita, a semana mapeada. Uma baguncinha eventual faz parte, logo tudo se encaixa. Internamente também. Tem horas em que os pensamentos remexem muito.
Da mesma maneira, arejar a casa é algo que me contagia. Deixar correr o vento, trocar o ar, se renovar. As paredes ventiladas, como se tivessem ido dar uma voltinha lá fora. O ar fresco que chega traz novidades. Se o sol vier junto, melhor ainda. A umidade controlada, quem dera fosse a ansiedade. Enquanto isso, a mente areja e as ideias circulam rapidinho. Coisa boa abrir portas e janelas, sentir o ar em movimento. Dias ventosos são excelentes pra dar uma oxigenada geral.
Asas
Esses dias, arejei tanto a casa que o ar fresco trouxe a tal novidade, e ela batia asas. Uma pomba entrou, sabe-se lá por qual porta ou janela escancarada. Antes de encontrar a danada, achei uma sujeirinha suspeita no chão e pensei… não pode ser o que eu acho que é. Limpei e voltei pra frente do computador. Depois, ouvi um barulho estranho que não identifiquei de imediato. A madame estava circulando mais que o vento, tentando achar por onde sair. Ou não. Assim que me viu, se fingiu de estátua.
Minha casa não é Airbnb de pomba. Ela passou a tarde bem confortável em algum canto, e não iria passar a noite. Imagina acordar de madrugada com um arrulhar (tive que pesquisar) nas minhas orelhas? Peguei a vassoura e ameacei. Nada. Então abri a porta da frente e fui empurrando a pomba pra rua. Ela não queria sair, a nossa despedida foi tensa. Mas saímos vivas, é o que importa. Pombas não estão familiarizadas com vidros, bem que poderiam pesquisar sobre isso.