Coluna da Maga
Magali Moraes: gostei do batom
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho


Como pode um elogio inesperado provocar uma sensação tão boa? Esses dias, assim do nada, uma mulher elogiou a cor do meu batom. A gente não estava num evento social, muito pelo contrário. Eu comprava pão, ela me atendia no balcão do supermercado. Glamour zero, de manhã cedinho. Foi a força do hábito que me fez passar batom antes de sair, a cor é sempre a mesma. Mas ela reparou e gostou. Sorte minha que não guardou só pra si, fez questão de me contar.
Sorri mais caprichado que o normal, agradeci o pão e vida que segue. “O próximo!”, disse ela. Fui embora pensando: o próximo elogio cabe a mim dar? Tipo uma retribuição ao Universo. Eu elogio o suficiente? O que nos impede de elogiar mais as pessoas, e alegrar o dia de alguém? Deu vontade, elogia. Ser espontâneo é uma grande qualidade. Enquanto uns se travam e nunca demonstram o que sentem, outros agem por impulso e se mostram de um jeito natural e sincero.
Atitudes
Foi o batom, poderia ter sido qualquer coisa. A gente pode elogiar não apenas características físicas, mas principalmente atitudes, decisões e comportamentos. Nos tempos de criança, lembra como era gostoso ganhar um elogio dos pais, do amiguinho, da profe ao entregar a prova? Não tem idade pra receber uma validação que reforça a autoestima. Somos seres em construção. Ter a capacidade de elogiar conhecidos e desconhecidos faz a pessoa em questão ser percebida, validada, reconhecida.
Quem elogia mais, os homens ou as mulheres? Não faço ideia. Em vez de adivinhar, por que a gente não tenta praticar mais a arte do elogio? Independente de gênero, idade e classe social. Se vier lá de dentro, vai ser bem recebido. É algo que faz bem pros dois lados, vai por mim. Quem sabe não é tão difícil assim espalhar um elogio por dia. Estamos tão viciados em telas, que levantar os olhos e observar o entorno já é meio caminho andado. Olhe bem, não perca a oportunidade de elogiar.