Coluna da Maga
Magali Moraes: talentos desperdiçados
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho


Sempre que vejo outro daqueles vídeos onde algum desconhecido inesperadamente solta a voz e se revela um baita cantor, chamando a atenção de todos que passam pelo local, eu penso nesses talentos perdidos. A pessoa tem os seus minutos de fama, ainda mais hoje em dia com a internet. Se o vídeo viralizar, as chances aumentam. O certo é que mais desconhecidos (como eu e você) vão descobrir essa voz incrível. E ela cantará mais no chuveiro e no carro do que nos palcos.
Também tem os vídeos de criancinhas que a gente não dá nada por elas e, de repente, começam a tocar com perfeição um instrumento dificílimo. Surpresa geral. Nossa, que lindo! Os queixos caem. A gente se encanta, encaminha o vídeo e… o que acontece depois? Nada, provavelmente. Que desperdício. É um talento, ninguém duvida. Uma pena que fique por isso. A criancinha prodígio cresce, se conforma, acha um emprego, até é feliz… mas fica sempre aquela possibilidade não realizada.
Destino
Talento só não adianta. Tem a sorte, as chances, os contatos e uma persistência gigantesca pra insistir e não desistir antes que o destino encerre o assunto. Esses talentos perdidos me comovem. O mundo seria um lugar tão mais legal se todas (ou a grande maioria) das pessoas talentosas tivessem a oportunidade de serem reconhecidas por suas habilidades extraordinárias. Imagina poder ganhar a vida com um talento incomum? Acontece pra poucos, ou melhor, pouquíssimos.
Tudo isso pra dizer: se você gosta de cantar e tem uma voz bonita, cante. Seu talento é dançar? Dance. Falar em público? Ache um vivente e solte o verbo. Contar piada? Faça rir. Cozinhar? Me convide pro banquete. Só não desperdice essa sua qualidade especial (alguma você tem, sim). Chegar aos palcos é a exceção. E já tem vídeo demais na internet com talentos perdidos. Ache o seu e se divirta com ele. Se os medíocres se acham incríveis, por que a gente não vai se valorizar?