Alta demanda
Preço do aluguel residencial sobe 11,78% em um ano em Porto Alegre
Entraves na busca por casa própria são alguns dos fatores que explicam a alta. Por outro lado, avanço dos preços ocorre em ritmo menor do que o registrado no ano passado


Com a busca pela casa própria ainda embaraçada por juro alto, inflação e falta de fontes de financiamento, o mercado de locação segue aquecido em Porto Alegre. O preço médio do aluguel residencial na Capital cresceu 11,78% em 12 meses fechados em julho — mais do que o dobro da inflação oficial do país no mesmo período (5,23%). No entanto, a alta nos valores do aluguel indica desaceleração e acomodação após pico registrado no ano passado.
O salto no valor médio do aluguel na Capital é o segundo maior quando pegamos um recorte dos últimos 11 anos (2015-2025), levando em conta o acumulado de 12 meses fechados em julho, perdendo apenas para 2024 (20,77%). Ou seja, segue alto, mas mostra desaceleração em relação ao ano passado. Avança, mas com o pé menos pesado no acelerador.
Os dados são do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis (Secovi-RS). O levantamento considera apenas imóveis que estão disponíveis para locação e não os já alugados.
O presidente do Secovi-RS, Moacyr Schukster, afirma que os valores médios para alugar um imóvel residencial na Capital seguem apresentando alta acima da inflação diante de uma demanda que continua aquecida. E um dos motivos citados pelo executivo nesse movimento são os entraves que ainda existem para a compra casa própria no país. Como parte da população não consegue acessar financiamento diante de juro alto, critérios mais rígidos e problemas de recursos para bancar o crédito imobiliário, a procura e a manutenção do aluguel seguem em alta.
— Os potenciais compradores estão com mais dificuldade em conciliar a renda com as prestações. Com isso, sobra o quê? O aluguel, porque a pessoa precisa ter um lugar para morar — analista Schukster.
José Antônio Ribeiro de Moura, economista e professor da Universidade Feevale, também cita esse efeito, lembrando que, além do orçamento curto, as incertezas que rondam a economia atualmente seguem favorecendo o aluguel:
— Quem tem intenção de comprar um imóvel, que tem que investir, está receoso porque vai comprar com um custo muito alto. Então, acaba buscando oportunidades mais favoráveis, que podem aparecer, talvez, lá para frente. Aí vão em busca do aluguel.
A pesquisa leva em conta o valor do metro quadrado para locação, usando uma média que pega tipos diferentes de moradias residenciais em todas as áreas de Porto Alegre. No levantamento atual, 60 bairros na cidade, com oferta suficiente para fins metodológicos, foram analisados (veja mapa com os dados mais abaixo). Apartamentos de um e dois dormitórios representam cerca de 39% do grupo de residenciais.
Desaceleração
Sobre a desaceleração do ritmo de crescimento dos preços do aluguel, o presidente do Secovi-RS afirma que existe um conjunto de fatores, como acomodação de preços após recomposições mais robustas e volta à normalidade após efeitos da inundação. No caso da enchente, a busca por aluguel diante da tragédia também pressionou os preços. Agora, com a situação voltando para patamares mais habituais, a alta é mais comedida, segundo Schukster.
O economista e professor da Universidade Feevale também afirma que essa perda de ritmo costuma ser natural após picos de elevação:
— Sempre quando há uma situação de maior pressão, vamos dizer assim, os preços sobem com mais força em um período mais curto. Mas o mercado vai se ajustando ao longo do tempo, ainda mais que não tivemos muita novidade recente.
Oferta
Em julho de 2025, Porto Alegre tinha uma amostra média de 3.795 imóveis residenciais disponíveis para locação. O montante é 20% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado (3.145).
Mesmo assim, o total de julho deste ano é o segundo menor nos últimos 11 anos para o período. Ou seja, o aumento na quantidade de unidades para a locação na cidade em um ano também contribui para uma desaceleração nos preços, mas não com peso suficiente para forçar recuo maior.