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Infraestrutura e aprendizagem

RS tem 48% das escolas públicas com climatização, aponta estudo

Levantamento do Todos Pela Educação foi divulgado nesta quinta-feira (25). Estado tem índice superior à média nacional

25/09/2025 - 09h33min


Sofia Lungui
Sofia Lungui
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Neimar De Cesero/Agencia RBS
Levantamento do Todos Pela Educação divulgado nesta quinta-feira (25) aborda diferentes indicadores.

Quase metade das salas de aula em escolas públicas gaúchas são climatizadas, aponta um levantamento do Todos Pela Educação divulgado nesta quinta-feira (25).  

São 48,1% das salas das instituições que contam com algum tipo de climatização, como ar-condicionado, aquecedor ou climatizador. Ao incluir as escolas particulares na conta, o percentual sobe para 54,6%.

No Brasil, o cenário é mais alarmante: 42,1% das salas de aula são climatizadas, com índice de 38,7% nas escolas públicas brasileiras. O estudo foi elaborado a partir de dados do Ministério da Educação (MEC) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o Anuário Brasileiro da Educação Básica 2025 traz dados referentes a 2024, abrangendo diferentes indicadores. 

O Rio Grande do Sul (RS) é um dos Estados com escolas mais bem equipadas no que diz respeito à infraestrutura básica, como banheiros e acesso a água potável, com índices superiores à média nacional, embora precise de melhorias na climatização e no saneamento. A pesquisa mostra, por exemplo, que 54,7% das escolas públicas gaúchas contam com tratamento de esgoto. No país, o percentual é de 48,2%, menos da metade.

— É fundamental que tenhamos sistemas educacionais mais resilientes, escolas mais preparadas para esses efeitos agudos das mudanças climáticas, que têm afetado não somente o início das aulas, mas às vezes causam até mesmo paralisações de aulas. E dias em que os estudantes não vão às escolas porque não há condições ali, pelo calor excessivo, que impacta no desempenho escolar dos alunos — destaca a gerente de políticas educacionais do Todos Pela Educação, Manoela Miranda. 

Em fevereiro deste ano, uma forte onda de calor que atingiu o RS causou o adiamento do início do ano letivo na rede estadual de ensino. O episódio acendeu um alerta entre especialistas e gestores para a necessidade de melhorias na climatização das salas de aula. 

Desafios de aprendizagem e acesso à escola 

Os dados também evidenciam o desafio de atingir a meta do Plano Nacional de Educação (PNE) que estabelece a universalização da Educação Infantil entre os 4 e 5 anos. A pré-escola é etapa de ensino obrigatória, mas 9% das crianças nessa faixa etária não frequentam a escola no RS, de acordo com o estudo do Todos Pela Educação. 

Dos estudantes gaúchos que não estão matriculados, metade é por opção dos responsáveis, e 3,3% por dificuldades de acesso, como falta de vagas em instituições próximas à residência, por exemplo.

Já na etapa creche, que diz respeito à faixa etária de 0 a 3 anos (que não é obrigatória), 56% das crianças não estão matriculadas. 

No que se refere à trajetória escolar, a cada cem crianças, 95 concluem os anos iniciais do Ensino Fundamental aos 12 anos no RS. Contudo, somente 46,2% saem do 5º ano com aprendizagem adequada em Língua Portuguesa e em Matemática. 

São 86 em cada cem estudantes que concluem os anos finais do Ensino Fundamental aos 16 anos. No entanto, apenas 19,7% saem do 9º ano com aprendizagem adequada em Língua Portuguesa e em Matemática. A cada cem jovens, 63 concluem o Ensino Médio aos 19 anos, sendo que somente 9,4% deixam a escola com aprendizagem adequada em nessas duas disciplinas. 

Os dados de aprendizagem são de 2023, levando em conta a última edição do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). O levantamento aponta que Matemática é a disciplina mais crítica no país, sobretudo no Ensino Médio, e no RS não é diferente.  

— Quando nós olhamos para a rede pública, esses indicadores são ainda mais desafiadores. Os dados de 2023 são muito importantes porque são os primeiros da realidade pós-pandêmica. Em 2021, quando a prova anterior foi aplicada, nós tínhamos muitas escolas que tinham acabado de reabrir, depois de muito tempo fechadas. Os dados revelam que, como país, nós não retomamos níveis de aprendizagem antes da pandemia — explica Manoela. 

Contratação de professores

Seguindo uma tendência nacional, aumentou expressivamente o número de contratos temporários de professores nas escolas públicas do RS, tanto nas redes municipais quanto na rede estadual. No Estado, passou de 38,3% em 2014 para 60,5% no ano passado a quantidade de contratos temporários, por exemplo. No país, houve um salto de 32,5% para 49,1% nas contratações nessa modalidade nas redes estaduais. 

Retrato do país

O levantamento também traz um panorama geral da educação em cada Estado. No RS, foram contabilizadas no ano passado 2,2 milhões de matrículas, 4,7% do total de 47 milhões de alunos matriculados no país. Boa parte dos estudantes gaúchos frequentam escolas municipais (45,3%). Outros 31,2% frequentam colégios estaduais, 22,3% estão na rede privada e 1,2% em instituições federais. 

O levantamento também revelou dados sobre contrastes étnico-raciais. Enquanto 91,5% dos jovens brancos concluem o Ensino Fundamental aos 16 anos, esse índice cai para 83,5% entre os pardos e para 80,9% entre os pretos. 

A defasagem é ainda maior no Ensino Médio: aos 19 anos, 79,4% dos brancos concluíram essa etapa, contra 66,6% dos pardos e 62,1% dos pretos. As desigualdades também se refletem nos níveis de aprendizagem, com alunos brancos e amarelos registrando desempenho superior ao de alunos pretos, pardos e indígenas em avaliações de Língua Portuguesa e Matemática. 


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