No plenário
Confusão na Câmara de Porto Alegre tem tiros de bala de borracha e spray de pimenta; sessão termina sem votações
Vereadores analisariam nesta quarta-feira projeto que restringe atuação de catadores nas ruas da Capital


Correção: confusão foi contida pela Guarda Municipal e não pela Brigada Militar como publicado entre as 16h11min e as 16h47min desta quarta-feira (15). O texto foi corrigido.
Uma confusão generalizada interrompeu a sessão plenária desta quarta-feira (15) na Câmara de Porto Alegre. No tumulto, agentes da Guarda Municipal entraram em confronto com manifestantes que queriam entrar no prédio do Legislativo para acompanhar a sessão. Vereadores de oposição foram atingidos por balas de borracha e jatos de spray de pimenta.
Ao menos cinco vereadores e o deputado estadual Miguel Rossetto (PT) tiveram ferimentos após a ação da Guarda. O prefeito Sebastião Melo determinou abertura de investigação para apurar os fatos, que incluirá a análise das imagens de câmeras corporais dos agentes.
Com a agitação, a Câmara não votou o projeto de lei que atualiza o código municipal de limpeza urbana e restringe a atuação dos catadores na Capital. A concessão do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) à iniciativa privada também estava na pauta, mas sem perspectiva de votação nesta quarta.

Tensão crescente
O clima de tensão na Câmara escalou no início da tarde, quando manifestantes foram barrados no portão do Legislativo. Agentes de segurança liberavam a entrada de 10 pessoas por vez, apreendendo itens como mastros e bandeiras. Quando o contingente atingiu o máximo permitido pela Câmara para a ocupação das galerias, a entrada foi suspensa.
A presidente da Casa, Comandante Nádia (PL), disse que essa limitação se deve ao protocolo de segurança da casa.
Insatisfeito, o grupo decidiu romper a barreira de segurança e entrar no pátio da Câmara. Nesse momento, os portões do Legislativo foram fechados, e agentes da Guarda se perfilaram na entrada inferior da Câmara.
Na sequência, vereadores do PT, PSOL e PCdoB foram ao encontro dos manifestantes, que alegaram agressão por parte dos guardas. Logo após a saída dos parlamentares, começaram os disparos de balas de borracha, a deflagração de bombas de gás lacrimogêneo e o uso de spray de pimenta.
Grazi Oliveira (PSOL), Atena Roveda (PSOL), Giovani Culau (PCdoB), Erick Dênil (PCdoB) e Juliana de Souza (PT) foram diretamente atingidos.
Indignação
Culau disse que os oposicionistas pleiteavam o acesso de manifestantes para uso do banheiro e acesso à agua.
— Nunca imaginei viver isso na minha vida, apanhar na Câmara Municipal, em um momento que o povo apenas queria o direito de acompanhar o que está sendo votado. A gente estava pedindo o direito das pessoas usarem o banheiro, tomar uma água — reclamou.

Por sua vez, Nádia disse que a intervenção da Guarda foi necessária por razões de segurança.
— A intervenção foi para garantir a integridade das pessoas e a preservação da ordem, que é uma condição indispensável. Manifestações são bem vindas desde que ocorram dentro dos limites do regimento— afirmou.
A vereadora ainda disse que a Câmara adotará um "protocolo mais rígido" em sessões com a discussão de projetos polêmicos.
A sessão foi suspensa por quase duas horas e reaberta no final da tarde. Antes do encerramento, a presidente informou que a votação sobre o projeto que restringe a atuação dos catadores será retomada na segunda-feira. A concessão do Dmae não tem data para ser apreciada no plenário.