O Diário Gaúcho estreia nesta sexta-feira (3) uma nova coluna: Entre nós – conversas sobre sexo, amor e o que nos toca. Assinado pelo ginecologista e sexólogo Charles Schneider Borges, o conteúdo será publicado quinzenalmente e promete abrir espaço para reflexões sinceras e acessíveis sobre temas que fazem parte da nossa intimidade. Confira.

Sexo anal: segurança, prazer e cuidado

Muita gente tem curiosidade sobre sexo anal, mas ainda rola vergonha de perguntar. E tá tudo bem — informação é o que transforma um tabu em algo seguro e, para quem curte, prazeroso. Primeiro de tudo: conversa franca. Falar sobre o que cada um quer, sobre limites e sobre o que não está confortável é a chave para tirar a tensão do momento.

O ânus não se lubrifica sozinho, então paciência é importante. Comecem devagar: carícias, beijos e estímulos que deixem os dois à vontade. Não precisa exagerar em duchas ou lavagens internas — higiene externa já resolve na maioria das vezes. E aqui vai uma regra de ouro: lubrificante é indispensável. Os à base de água ou silicone são ideais porque reduzem o atrito e diminuem o risco de machucar.

Nada de pressa ou movimentos bruscos. O corpo precisa se adaptar, e quem está recebendo pode guiar a entrada para ter mais controle. Se doer de verdade, pare, converse e tente de novo outro dia. Usar camisinha não é opcional: além de facilitar a limpeza depois, ela protege contra as infecções sexualmente transmissíveis (IST) — que são doenças passadas pelo sexo, como HIV, sífilis, gonorreia, clamídia e hepatites virais.

Cuidando da saúde

Mesmo usando preservativo, é importante fazer testes regulares para IST. E manter as vacinas em dia faz diferença:

Hepatite B — protege contra um vírus que pode passar pelo sexo sem proteção.

HPV (papilomavírus humano) — reduz bastante o risco de verrugas genitais e alguns tipos de câncer.

Depois do momento

Um leve desconforto pode acontecer, mas sangramento forte, secreção com cheiro ruim, dor persistente ou febre pedem atenção médica. Se forem usar brinquedos sexuais, escolham os próprios para penetração anal, usem camisinha neles também e limpem bem depois.

No fim, sexo anal não precisa ser um bicho de sete cabeças: com cuidado, respeito e diálogo, é mais uma forma de explorar o prazer a dois, sem pressa e sem culpa.