Coluna da Maga
Magali Moraes: 80 milhões
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho


Estou até agora pensando o que eu faria com essa bolada. O que vai fazer a pessoa que ganhou a Mega Sena sábado passado? 80 milhões e uns quebrados. Na verdade, eu já ficaria feliz com esses quebrados: 688.743,70. A lotérica onde a aposta foi feita é perto de casa. Mas nunca jogo. Caso jogasse, escolheria os mesmos números? 08 é simpático. 12, 16 e 19 são quase a mesma coisa, eu passaria longe. 31… sei lá. Já o 58 seria perfeito, faço 58 anos daqui a pouco.
Depois que sai o resultado, é fácil achar que seria fácil. Se a escolha fosse de letras, e não números, talvez minhas chances aumentassem. Olha se o destino não estava mandando sinais: essa é a coluna número 80 do ano, e o assunto é ganhar 80 milhões. Por que não tive alguma visão em um sonho, a tempo de correr pra lotérica? Um palpite, um pressentimento. Se a minha intuição estivesse funcionando bem, nem teria coluna hoje. Eu já estaria longe sendo milionária.
Parentada
Deve ser uma sensação de alegria e pânico ser o único ganhador da Mega Sena. A pessoa ganha um alvo no pescoço: vinde a mim a parentada falida, os amigos que nem lembro mais, os vizinhos interesseiros, os colegas de trabalho convidando pra ser sócio, credo que sufoco. Como viver em paz depois disso? Ironias da vida. Essa fortuna é paz e pesadelo. Permite ajudar os outros e ser muito egoísta. Vai torrar metade e aplicar o resto? Aquele dinheiro todo no banco rende comichão.
Eu sairia da lotérica direto pro aeroporto. No caminho, avisava o Ricardo: “pega os passaportes e vem, sou a mulher de peruca loira te esperando no portão de embarque”. Nada como uma volta ao mundo pra deixar a poeira baixar e colocar a cabeça no lugar, sabe assim? Depois eu mandaria buscar um petit comité da família pra seguir a viagem. Enquanto isso, brincando de Banco Imobiliário real e adquirindo dezenas de imóveis. Jamais um iate, que dá muito trabalho. Dizem os ricos.