Produtos falsificados
Saiba como estão as investigações sobre os casos de intoxicação por metanol no Brasil
Componente é usado como matéria-prima para combustíveis e é impróprio para consumo humano, mas estaria sendo utilizado na falsificação de bebidas alcoólicas


As investigações sobre casos de intoxicação por consumo de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol continuam em andamento, assim como as fiscalizações aos estabelecimentos que vendem produtos falsificados. Depois de São Paulo, outros Estados também começaram a registrar notificações.
Autoridades orientam a população sobre a importância de não consumir produtos com procedência duvidosa e de procurar ajuda médica, caso apresente sintomas. A intoxicação por metanol é grave, pode levar à cegueira permanente e até a morte.
Qual o balanço de casos no Brasil?
Conforme última divulgação feita no domingo (5), o Ministério da Saúde confirmou 225 registros de intoxicação por metanol após ingestão de bebida alcoólica no Brasil.
O número leva em consideração os casos investigados e confirmados que vêm sendo reportados pelos Estados e consolidados pelo Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde Nacional (CIEVS).
Em todo o país, são 16 casos confirmados. Os outros 209 ainda estão sob investigação em 13 Estados - Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pernambuco, Paraná, Rondônia, São Paulo, Piauí, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraíba e Ceará. Bahia e Espírito Santo tiveram os casos registrados descartados.
O metanol é usado como matéria-prima para combustíveis e é impróprio para consumo humano, mas estaria sendo utilizado na falsificação de bebidas alcoólicas. Os casos, que tiveram início em São Paulo, ocorreram após o consumo de bebidas alcoólicas destiladas, como gin, vodca e uísque.
Investigação
A Polícia Federal abriu inquérito para investigar os casos. Na última quinta-feira (2), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou um conjunto de ações estratégicas. Uma sala de situação foi criada para monitorar e coordenar a resposta nacional.
Como estão as investigações em São Paulo?
Com o maior número de casos, o governo de São Paulo mantém desde o dia 30 de setembro, um gabinete de crise para intensificar as ações contra a contaminação por metanol. Durante ações relacionadas ao crime de falsificação de bebidas, 30 pessoas foram presas ao longo deste ano, sendo que oito foram detidas na última semana.
Até sexta-feira, 3, 10 estabelecimentos nas cidades de São Paulo, São Bernardo, Osasco e Barueri foram interditados após fiscalização. Somente nesta semana foram apreendidas 4.500 garrafas.
Qual a situação dos casos em São Paulo?
O Estado de São Paulo concentra a maior parte das notificações, entre 14 confirmadas e outras 178 em investigação. Os dois óbitos já confirmados por intoxicação por metanol no Brasil também aconteceram no Estado.
A primeira morte confirmada foi a de um homem de 54 anos, no dia 15 de setembro. Depois, no sábado (4), a Secretaria de Saúde de São Paulo divulgou a segunda vítima, um homem de 46 anos. Ambos eram da capital paulista.
Atendimento médico deve ser feito o mais rápido possível
O paciente com quadro incomum após ingestão de bebida alcoólica deve procurar atendimento médico imediato, para realizar exames laboratoriais e avaliação oftalmológica.
Os sintomas de alerta são: dores abdominais intensas, tontura e confusão mental.
O socorro em até 6 horas após o início dos sintomas é fundamental para evitar o agravamento do quadro clínico do paciente.
Anvisa libera importação de antídoto
No sábado, o Ministério da Saúde disse que iniciou a distribuição de etanol farmacêutico, antídoto utilizado no tratamento de pacientes intoxicados por metanol, aos Estados que formalizaram pedido de reforço de estoque.
A carga de 2,6 mil frascos de Fomepizol foi encaminhada pelo Ministério da Saúde junto à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Do total, 2,5 mil frascos foram comprados pelo governo, enquanto outros cem foram doados pelo fabricante. O prazo para a entrega ainda será negociado.
Como denunciar?
Denúncias sobre possíveis irregularidades e suspeitas a respeito de bebidas adulteradas podem ser enviadas pelo Disque Denúncia 181 ou pelo site da Polícia Civil de São Paulo.
O Procon-SP também recebe denúncias pelo Disque 151 e pelo site, onde o consumidor também encontra informações sobre como realizar a queixa.
O número 0800 642 9782 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) segue disponível para esclarecer dúvidas da população, profissionais e comerciantes sobre intoxicações e procedimentos.