Símbolo da Capital
Saiba o que vai acontecer com a chaminé da Usina do Gasômetro
Prefeitura verificou que há risco de queda de reboco da estrutura, que tem 117 metros de altura


Com 117 metros de altura, o elemento que forma a silhueta urbana de Porto Alegre está cercado há meses em razão do risco de queda de reboco da estrutura.
Para resolver o problema, a prefeitura da Capital irá restaurar a chaminé da Usina do Gasômetro. Segundo o Executivo municipal, a contratação da empresa que executará a obra ocorrerá em 2026, mas ainda não há uma data definida para o início dos trabalhos. O investimento é de R$ 5 milhões.
O secretário municipal de Obras e Infraestrutura, André Flores, diz que assim que a obra começar, levará quatro meses para ser concluída.
Estudo sobre a chaminé
Em 2023, a prefeitura contratou uma empresa para realizar um estudo sobre a condição atual da chaminé. A pesquisa constatou que existe a necessidade de que uma intervenção seja feita na estrutura.
— Não há nenhum grande risco, exceto a questão do reboco. Será um restauro da parte superficial, mantendo as características originais. A ideia inicial era começar esta obra em 2024, mas veio a enchente. Em 2025, todos os recursos foram utilizados para coisas mais urgentes, como reformas de equipamentos destruídos na cheia — diz Flores.
Como será a obra
A restauração consiste, principalmente, na troca do reboco. Não será feita pintura por cima. Para a realização dos trabalhoss, andaimes serão montados em volta da chaminé. Alguns pontos serão acessados por rapel ou com braços elevatórios, equipamento similar ao usado para fazer poda de árvores ou trocar lâmpadas em postes.
Segundo a prefeitura, a última reforma na chaminé da Usina do Gasômetro ocorreu durante o mandato do prefeito Alceu Collares, entre 1986 e 1989. Depois, a base da estrutura chegou a ser usada como ponto de atendimento da Secretaria de Turismo.
Em gestões passadas, chegou a ser levantada a ideia de colocar um elevador na chaminé para explorar comercialmente a vista no topo da estrutura. A proposta, porém, está agora descartada.
— A engenharia permite tudo, teria que estudar. Mas não é viável economicamente. O custo dessa obra teria que se pagar com essas visitações, o que é muito difícil — diz o secretário de Obras.
A estrutura é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae). Em tamanho, a chaminé é mais alta que o Edifício Santa Cruz, no Centro Histórico, que tem 107 metros, considerado o maior da Capital.
História
A Usina do Gasômetro foi erguida ao lado da antiga Casa de Correção, o Cadeião, em uma região conhecida como "volta do gasômetro", em função da usina de gás hidrogênio carbonado que ficava na Rua Washington Luiz.
Em novembro de 1928, a nova usina começou a produzir energia elétrica com a queima de carvão mineral para aquecer as caldeiras. Com o vento, a fumaça com resíduos era jogada para dentro da cidade, poluía o ar, invadia casas, sujava a roupa que estava no pátio para secar e desvalorizava imóveis. Conforme lembrou o colunista de GZH Leandro Staudt, a população na época reclamava da fuligem.

A Companhia Energia Elétrica Rio-Grandense chegou a fazer melhorias nos equipamentos, mas foram insuficientes e a pressão crescia a cada ano. O Rotary Club, presidido pelo empresário A. J. Renner, liderou mobilização, com visitas à usina. Sob pressão, o governo estadual publicou decreto intimando a companhia a encontrar uma solução.
Para corrigir o problema, uma chaminé de 117 metros de altura foi construída em 1937, nove anos após a inauguração da usina de energia elétrica.
A foto acima, publicada pela Revista do Municipio em 1930, mostra as duas chaminés originais saindo do telhado. Ficavam no lado oposto da cadeia e da atual chaminé. Elas não existem mais.
Sozinha, a gigante chaminé ainda era insuficiente para melhorar a qualidade do ar. Por isso, a companhia comprou nova caldeira com grelhas rotativas para reduzir a emissão de resíduos de carvão.
Em 1974, a usina termelétrica foi desativada. Depois de anos de discussões sobre a possibilidade de demolição, o prédio foi reformado e abriu como centro cultural em 1991.
Usina reformada
Após quase oito anos fechada e R$ 25,9 milhões investidos em sua revitalização, a obra da Usina do Gasômetro ficou pronta em agosto desse ano. Agora, a prefeitura pretende repassar a gestão do espaço para a iniciativa privada. Este processo, no entanto, é alvo de questionamentos por parte da Superintendência do Patrimônio da União (SPU) no Rio Grande do Sul.
A Usina foi cedida ao município em 1982, mas ainda pertence formalmente ao governo federal. Com a privatização da Eletrobras, o bem foi transferido para a ENBPar, estatal federal vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Agora, a SPU do RS negocia para assumir a propriedade do prédio.

Na tentativa de solucionar o impasse, o prefeito Sebastião Melo foi a Brasília se reunir com a Superintendência do Patrimônio da União (SPU), onde apresentou os modelos de gestão que seriam viáveis para a prefeitura e ouviu ponderações sobre a proposta.
O projeto de concessão da prefeitura estipula que um parceiro privado assuma a gestão da Usina, faça a sua manutenção e possa explorar comercialmente o espaço por 20 anos. O modelo da parceria foi desenvolvido pela empresa São Paulo Parcerias.