Direto da Redação
Josyane Cardozo: "Questionamentos improváveis"
Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano


Esses dias, aqui na Redação, numa conversa aleatória pós-almoço, surgiu a pergunta: qual seria a sua comida no corredor da morte? Bastou isso para que um burburinho de respostas e justificativas se formasse em torno do questionamento. Não, ninguém está prestes a ir para o corredor da morte, mas quem nunca se pegou pensando nas milhões de possibilidades de situações que nunca vão existir?
Logo depois, outro colega disse que não sabia se sobreviveria a um apocalipse zumbi. Enquanto isso, havia quem já estivesse com um plano de ação totalmente estruturado com direito a liderança, gangue organizada e estratégias para garantir comida e sobrevivência por anos. E, claro, alguém puxou o lado místico: num mundo mágico, você seria fada, sereia, vampira ou bruxa?
Entre uma hipótese absurda e outra, me peguei pensando em quem foi o primeiro médico que descobriu que abrir um corpo seria possível, e ainda salvaria vidas. Deve ter sido outro desses momentos de pura ousadia intelectual, que nasce de uma pergunta improvável.
Memória da infância
Quando somos crianças, queremos saber o porquê de tudo. Já adultos, vamos perdendo a diversão de aprender algo novo ou de imaginar cenários impossíveis. Mas esses questionamentos improváveis me lembram que dá, sim, para seguir exercitando o novo. Dá para deixar a criatividade correr e teorizar sobre coisas inimagináveis. E, de quebra, interagir com os colegas de trabalho em camadas que quase nunca aparecem no expediente.
Talvez, no fim das contas, esses exercícios que consideramos “inúteis” sejam apenas pequenos lembretes de que ainda existe algo brincante em nós. E talvez seja por isso que vale insistir nesses pensamentos. Porque eles devolvem um pouquinho de diversão aos nossos dias.
Ah, e para quem ficou curioso: escolhi na minha sentença carreteiro e feijoada. E não, não acredito que sobreviveria ao apocalipse zumbi. Seria pressão demais para mim.