Coluna da Maga
Magali Moraes: fazer ponte
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho


De engenheiro e de louco, todo mundo tem um pouco. Fiz essa pequena mudança no ditado (desculpem, médicos) porque o dia pede. Hoje, tá todo mundo fazendo ponte em função do feriado de ontem, o Dia da Consciência Negra. É o tipo de ponte que não requer diploma, nem habilidade. Só a sorte de poder emendar a folga. Pontes reais são feitas pra nos levar de um lugar ao outro, certo? Em feriado que cai na quinta, a ponte encurta caminho até o fíndi. Essa sexta-feira que lute pra ser dia útil.
Tá todo mundo mesmo fazendo ponte? Como diz a minha mãe, “Tu não é todo mundo”. Não sou mesmo, estou trabalhando normalmente. Mas só de saber que muita gente fez ponte, dá vontade de fazer também. Meu lado engenheira (e brasileira) fala mais alto. É bem provável que eu esteja aqui conversando sozinha e vocês, queridos leitores do DG, estejam ocupados com tudo aquilo que se faz em um feriadão: dormir, relaxar, curtir os parques, viajar, passear por aí.
Nada
Ou simplesmente fazendo nada. Sabe como? Confesso que eu não sei fazer nada, por mais que tente. Pessoas hiperativas sempre dão um jeitinho de arrumar gavetas, faxinar, trabalhar, estudar, produzir, inventar coisas. O tempo livre, que deveria ser aproveitado pra gente respirar sem as urgências e obrigações cotidianas, acaba criando novas tarefas na lista. Ócio, uma palavra tão feia quanto inspiradora. Mas difícil de ser colocada em prática. Pausar, descansar, aquietar corpo e mente, relaxar.
Agora esquece a ponte do feriado, e pensa na ponte de concreto por onde os carros passam e os parentes se visitam. A ponte de madeira pra atravessar um laguinho ou brincar de se sacudir nela. A ponte aérea que liga os voos entre duas cidades. A ponte de safena, que salva vidas. As pontes que a gente constrói na vida, unindo amigos e criando conexões verdadeiras. Que lindo isso, até me emocionei. Agora o que eu queria mesmo era estar de folga.