Como fingir normalidade quando existem docinhos e meia torta na geladeira? Depois que a comemoração passa, a gula fica. É o açúcar fazendo o seu papel viciante e nos testando. A gente se permitiu, se divertiu, saiu do modo regrado. Agora precisa retomar a rotina e voltar à linha, mas sabe que a tentação está logo ali. Ah, pode congelar. O problema é que no freezer já tem um pote com as sobras de uma torta. O casal faz aniversário perto um do outro. Acaba acumulando doçura.

Importante salientar que nessa mesma geladeira também tem frutas, legumes e verduras. Então por que o estômago olha direto pra prateleira onde estão os brigadeiros e os branquinhos? Meu ponto fraco, ainda mais na hora do cafezinho. Se fossem minúsculos, passariam despercebidos. São dos graúdos, daqueles que a gente morde e enche a boca. Até pensei em colocar na frente deles uma couve-flor ou ramo de brócolis pra disfarçar a situação. Quem cairia nesse truque bobo vegano?

Textura

Haja força de vontade. Minha imaginação vai longe. Estou aqui digitando no computador, a poucos passos da cena do crime, e consigo sentir a textura dos granulados que envolvem perfeitamente os brigadeiros. De repente, lembro que em cima dos branquinhos tem ou Nutella ou doce de leite. Pequenas pepitas de sabor. Daí o cérebro reage e meu lado racional assopra no ouvido: “no fíndi (se sobrar), tu pode comer”. No momento em que escrevo essa coluna, parece uma eternidade até lá.

Toma água, lava as verduras, pica as frutas e esquece do resto. Toma mais água - muita água, aliás. Foca na proteína. Finge que a granola é granulado. Lembra do jeans que diminuiu de dois a três números. Sempre vai aparecer um aniversário no meio do caminho, com suas tentações doces e salgadas. Daqui a pouco, já fecha um ano de reeducação alimentar. Bora manter o equilíbrio e seguir exercitando o autocontrole. Docinhos, com sorte a gente se vê no domingo.

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