Papo Reto
Manoel Soares: Quando eu crescer
Colunista escreve no Diário Gaúcho aos sábados


"Criança é pé descalço, adulto é pé no chão
Adulto pede tempo, pede calma, pede espera, só que não!
Criança é desenho animado, comédia, ação. Adulto é drama, é terror, romance e ficção”
Esses versos acima são um trecho da música Quando Eu Crescer, de um grupo musical chamado ABRA-KBÇA. Em suas composições, fazem uma mistura de hip hop e música infantil. Ouvindo a música, fiquei pensando em como nós, adultos, buscamos a felicidade da infância. O que éramos na escola, na rua onde moramos quando crianças, o que gostávamos de fazer, entre outras coisas que, juntas, compõem o sujeito que somos hoje.
Resgate do passado
Na adolescência, forçamos nossa mente a esquecer as experiências da infância, porque queremos, de toda forma, pertencer ao mundo dos adultos. A questão é que esquecemos também o que nos fazia feliz naquela época anterior e, aos poucos, tentamos substituir as alegrias de infância com realizações de pessoas crescidas.
A busca por dinheiro, crescimento na carreira, carros, roupas, entre outras camuflagens de tristezas. Fomos condicionados a subestimar a alegria dos nossos primeiros anos de vida, e isso geralmente nos faz pessoas incompletas. Ao conversar com idosos, eles desbloqueiam as lembranças da infância. Vi muitos lamentarem por terem perdido tempo precioso da vida correndo atrás de alegrias adultas e complicadas. Por isso, desejo que mantenhamos vivas em nós as crianças que esquecemos de ser.