Troca de postes impacta rede de água e esgoto

Em agosto, o DG acompanhou as reclamações feitas por moradores da Vila Farrapos, em Porto Alegre, que enfrentavam problemas com a troca dos postes de energia elétrica no bairro. A mudança, que era para ser uma melhoria, acabou se tornando uma dor de cabeça para a comunidade. A cada novo poste instalado, um buraco é aberto e a rede de esgoto sofre estrago. 

Desde o início do ano, há relatos de quebras frequentes nas redes cloacais, pluviais e de abastecimento, resultando em falta de água, deterioração das vias e riscos sanitários. Cansados da situação, os moradores buscam respostas da CEEE Equatorial e um plano para que as próximas trocas sejam mais planejadas. 

Impactos

Para Andréia Cristina da Rocha, 47 anos, a situação vai além dos problemas de moradia, causa transtornos em seu trabalho. Dona de uma pet shop, nos últimos meses vem sofrendo com a falta de água semanal devido às manutenções realizadas pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae). 

Segundo Andréia, para os trabalhos serem realizados, a água central do bairro precisa ser fechada e causa transtornos, principalmente pela falta de aviso do desligamento. 

– É impossível de trabalhar, nada é comunicado. Para mim, que trabalho dando banho (em animais), a água é essencial. Entendemos que é uma melhoria, mas foi feita sem cuidado e sem projeto. Sexta-feira, ficamos sem luz e sem água. E tem dias que temos água, mas não temos luz. Nós, que trabalhamos por dia, perdemos muitos clientes – desabafa.

Andréia destaca que, após um ano da enchente, os comércios vinham se reerguendo e o bairro todo estava se recuperando dos danos da tragédia:

– Depois de um ano que recomeçamos e voltou o movimento, agora temos essa situação. Complica para pagarmos as contas e continuarmos a vida. E eu falo por mim, trabalhando, mas temos uma vizinha que ganhou bebê há pouco, temos pessoas idosas que necessitam de cuidado, e cada um tem sua história.

Cancelamentos

Patricia Catarina Schafer, 48 anos, compartilha a mesma situação. Proprietária de uma estética, ela comenta que, no último mês, precisou, mais de uma vez, cancelar procedimentos ou até mesmo oferecer o serviço para suas clientes fazendo racionamento de água.

– Para mim, está bem difícil. Semana passada, faltou água todos os dias. Cancelamos alguns procedimentos. Eu consegui atender, mas com dificuldades. Fui para as redes e fiz uma reclamação. No domingo, que ficamos em casa, não tem como fazer os serviços como lavar roupa – reclama Patricia, que ainda complementa que, ao longo dos anos, nunca presenciou uma situação parecida. Moradora há 48 anos do local, ela conclui pontuando que os investimentos no bairro sempre foram limitados.

O vereador e também morador da localidade Marcelo Bernardi protocolou no início do mês de novembro uma solicitação de providências e fiscalização junto ao Ministério Público do RS e à Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs). 

Ele ressalta que a Equatorial entrou em contato para agendar uma reunião na semana passada, mas que não obteve mais retorno do órgão. Para ele, as melhorias são uma conquista para o bairro, mas deveriam ter sido realizadas com “maior planejamento”:

– É a falta de planejamento, eles não têm uma planta para seguir, chegam lá, a própria comunidade diz que vai dar problema e eles ignoram. Não tem diálogo.

O que dizem?

/// Ao Diário Gaúcho, a CEEE Equatorial diz que realiza um trabalho constante de troca de informações técnicas e operacionais com o Dmae, que “contribui para a melhoria contínua dos serviços prestados à população”.

/// Quanto a uma solução definitiva para que um serviço não cause danos ao outro, foi informado que não há um cronograma para que isso ocorra. 

/// O Dmae informou que trabalha em conjunto com a Equatorial.

*Produção: Josyane Cardozo