Orçamento em dia
13º salário: especialistas dão dicas para usar o dinheiro de forma inteligente
Segunda parcela do benefício será paga nesta sexta-feira (19). Recurso deve injetar R$ 23 bilhões na economia gaúcha, conforme estimativa do Dieese


A segunda e última parcela do 13º salário cai nas contas dos trabalhadores brasileiros nesta sexta-feira (19). O pagamento, que deve ser feito sempre até 20 de dezembro, foi antecipado neste ano, já que a data-limite cai em um sábado.
No Rio Grande do Sul, a expectativa é de que o benefício injete R$ 23 bilhões na economia, segundo estimativa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Com o recurso em mãos, especialistas dão dicas de como gastar ou investir o dinheiro de forma inteligente. Lembrando que esta é a parcela que vem com os descontos de Imposto de Renda e INSS.
Para o economista e professor da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Rafael Disconzi, o ponto de partida é encarar o benefício como uma oportunidade de se organizar.
— O 13º não precisa virar uma ansiedade. Com prioridade e disciplina, na verdade, ele vira uma tranquilidade — diz o professor.
O 13º não é um convite ao consumo. É uma ferramenta para organizar a vida financeira.
RAFAEL DISCONZI
Professor da Escola de Negócios da PUCRS
Passo a passo do especialista para planejar o uso do 13º
- Elimine as dívidas mais caras;
- Monte ou reforce uma reserva de emergência;
- Organize as despesas previsíveis de começo de ano;
- Invista o que sobrar.
Veja mais dicas para usar o 13º de forma inteligente
Conheça o seu orçamento
Ter uma visão completa do orçamento é fundamental para saber onde e como usar o benefício do 13º. A análise com antecedência ajuda a tomar as melhores decisões.
Por isso, a primeira dica é fazer uma lista de despesas fixas e gastos extras, como presentes e confraternizações, previstos para o fim e o começo do novo ano.
Elimine dívidas
Para quem já está endividado, a prioridade é parar os juros. Usar o 13º para quitar ou reduzir cheque especial, cartão no rotativo ou atrasos com multa costuma ser o melhor caminho.
Se não der para quitar tudo, é importante priorizar a dívida mais cara e negociar uma parcela futura que caiba no bolso, para não voltar ao rotativo.
Pense na forma de pagar
Ao fazer compras, é importante escolher a melhor forma de pagamento para cada situação. Pagamentos à vista podem garantir descontos significativos no valor final. Já o parcelamento no cartão de crédito, observados os juros, pode render cashbacks e milhas. Antes de tudo, porém, é importante definir um valor máximo de gastos.
— Sem dúvida, o prazer e o lazer devem ser considerados, mas com algum teto. É importante definir um limite antes de comprar. E se estiver endividado, esse limite deve ser o mínimo para que não passe em branco essa celebração — diz Disconzi.
Planeje despesas
O início do ano é tradicionalmente carregado pela cobrança de encargos como Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) e reajuste de matrículas e seguros.
A dica é reservar parte do 13º salário para se preparar a estas despesas. Planejar o orçamento de janeiro e fevereiro pode dar uma folga nas contas do restante do ano.
Como usar o 13º para investir
Para quem tem as contas sob controle, a dica é utilizar o recurso extra para fazer investimentos. Fazer uma previdência privada, aplicar em renda fixa ou mesmo dar início a uma poupança estão entre as opções recomendadas pelos economistas.
Formar ativos e construir um patrimônio pode reduzir a dependência de crédito no futuro. Mas é preciso atenção ao investir. Renato Sarreta, líder regional da XP no Sul, recomenda buscar orientação profissional para aplicar os recursos:
— Um assessor de investimentos pode organizar seu planejamento financeiro com base em suas metas, perfil de risco e objetivos, garantindo decisões mais seguras.
Onde investir o dinheiro extra
Para formar uma reserva de emergência, Renato Sarreta diz que o ideal é optar por investimentos mais conservadores, de baixo risco e com liquidez diária. CDBs, Tesouro Selic e fundos de renda fixa, que oferecem segurança e acesso rápido aos recursos, são boas opções neste sentido.
Havendo disponibilidade de recursos, é válido diversificar a carteira. Aplicar o dinheiro em mais de um produto financeiro garante previsibilidade dos rendimentos pré-fixados e protege o patrimônio de oscilações do mercado, pontua o especialista.
Disconzi lembra que é preciso considerar os prazos. Investimentos de curto prazo, que têm liquidez alta e baixo risco, são interessantes para formar dinheiro de reserva e para metas próximas, como trocar o carro ou uma viagem.
Se for de médio prazo, o investimento pode ter resgate menos imediato. Por isso, é importante que a aplicação esteja alinhada aos seus objetivos. Já os investimentos de longo prazo, de baixa liquidez, são recomendados somente quando o dinheiro não será necessário ao longo do caminho.