A Associação da Cultura Hip Hop de Esteio deu mais um passo importante em seu trabalho de alinhar arte com impacto social: terá um novo espaço focado em empreendedorismo, que funcionará em um prédio de seis andares na Cidade Baixa, na Capital.

O imóvel pertence ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e foi cedido para a associação, que nos próximos 10 anos pretende fazer desse empreendimento um ambiente para fortalecer micro, pequenas e médias empresas ligadas ao chamado setor criativo. São negócios que usam criatividade, cultura, conhecimento e tecnologia em seus trabalhos.

O projeto que ocupará o espaço é o Hub Atividade de Inovação e Fomento à Tecnologia Sociocultural. Na quarta-feira (17), a organização reuniu uma galera para o evento que oficializou a passagem da administração do prédio para a Associação. Estiveram presentes parlamentares; o Superintendente de Patrimônio da União do Rio Grande do Sul, Émerson Rodrigues; Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama; representantes de instituições culturais, artistas e outras autoridades.

Rafa Rafuagi, fundador e coordenador do hub, explica que a ideia inicial é focar no fortalecimento de cem empreendimentos. Funcionará assim: a cada 18 meses, serão escolhidos 33 negócios que receberão uma formação ampla focada em organização básica, gestão financeira, captação de recursos e mais. Serão três ciclos que, no período de cinco anos, totalizarão cem negócios. 

— Esse talvez seja o maior programa de tecnologia social, ou seja, pensar soluções inovadoras que são criadas nas periferias para também solucionar os problemas das periferias — resume. 

Um ponto que chama a atenção é o fato de o Hub Atividade ser um grande projeto, com foco importante em ações de periferia, mas que terá sua sede na região central da cidade. Sobre isso, o coordenador destaca: 

— A gente traz a periferia pro Centro. Literalmente, a gente tá no centro administrativo de Porto Alegre. 

Localizado na Rua Miguel Teixeira, 126, o hub também será equipado com auditório, cinema, loja e cafeteria.

Acordo firmado

A negociação para ocuparem o local durou cerca de um ano. Segundo Rafuagi, chegaram ao prédio do Ibama a partir do Programa Imóvel da Gente, do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, que busca destinar espaços da União sem uso para ações de interesse social. Foi nisso que se encaixou o projeto da associação, que também administra a Casa do Hip Hop de Esteio e o Museu da Cultura Hip Hop RS.

Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama, destaca que o imóvel estava parado desde a enchente de maio do ano passado. Então, explica, o órgão entendeu que seria um uso adequado deixar o espaço aos cuidados do grupo:

— Os prédios públicos precisam atender o interesse público; e, de comum acordo, a gente decidiu pelo empréstimo, pela cessão desse prédio para projetos culturais.

— Pra gente conseguir a cedência desse prédio, não tem como a gente não demonstrar uma capacidade técnica e gerencial, e isso a entidade tem. Então, demonstramos com documentações, com capacidade técnica, de parcerias, e de um longo histórico de atividades que a entidade realiza — completa Aretha Ramos, que atua como coordenadora administrativa do hub. 

Para financiar as atividades, o hub vai focar em buscar apoio a partir da Lei Rouanet, além de já ter alguns parceiros fechados. Por agora, eles podem divulgar apenas um: o Ministério de Ciência e Tecnologia, que vai investir recursos.

Um rápido resumo 

• O Hub Atividade abrigará diversas áreas da economia criativa, incluindo games, audiovisual, fotografia e estúdios musicais.  
• As inscrições para a seleção dos primeiros empreendimentos estão previstas para fevereiro. Já a inauguração oficial do local, programada para abril. 
• Apesar de ser na Capital, a ideia é que o hub atenda ações de todo o RS, com planos de expansão para outros Estados.
• Serão disponibilizados ambientes integrados e escritórios destinados a municípios, órgãos públicos e entidades do terceiro setor.
• Ainda buscarão se aproximar das comunidades, fechando parcerias com escolas e outras instituições.

Para curtir boa música e dançar

E, para não perder o costume, vamos de agenda cultural. Sábado (20), das 22h às 7h, um projeto da Capital comemora seu primeiro ano em atividade. 

O BATUKBAILE é um grupo que surgiu focado em destacar a cultura negra do RS. Qual é a ideia? Criar eventos pensados como um espaço seguro para as pessoas curtirem.

Para além da festa, as edições do projeto movimentaram a economia e a cultura local ao chamar DJs, coletivo de dança e empreendedores. O encontro de amanhã será no Garden Eventos (Av. Brasil, 1.206, Navegantes).

Ao longo da noite, por volta de sete atrações conduzirão a festa. A abertura ficará por conta do Baile Charme RS (DJ Caramão, DJ Bah na Cena, DJ Gê Powers). Os mestres de cerimônia serão João Ritta e Lays Ayana. 

O BATUKBAILE foi criado por Anne Borges e é dirigido por ela, Dandara Abreu e Rafael Barcelos. As gurias destacam que, ao selecionar uma equipe formada 100% por pessoas negras, conseguem ajudar a ampliar a atuação desses profissionais na cena cultural da cidade.