HÁ VAGAS
Aumentou a busca por pessoas com mais de 50 anos no mercado de trabalho? Entenda
Lojas do varejo procuram profissionais nessa faixa etária por questões como comprometimento, estabilidade e maturidade

Empresas estão buscando pessoas com mais de 50 anos para recrutamento. Essa é uma tendência que o coordenador de Trabalho, Emprego e Renda na Prefeitura de Porto Alegre, Lisandro Zwiernik, tem percebido desde o início deste ano. Responsável por qualificação profissional e pelo Sistema Nacional de Empregos (Sine) em Porto Alegre, ele aponta que empresas do ramo varejista, com vagas para atendimento ao público, principalmente supermercados, vêm abrindo portas para profissionais nessa faixa etária. Ele indica que, na maior parte das vezes, essa preferência não vem explícita nas vagas, mas se consolida ao longo do processo seletivo.
— As empresas buscam a questão da experiência dessas pessoas, não só como experiência profissional, mas como experiência de vida. Elas têm uma maturidade maior para lidar com certas situações — diz Lisandro.
No contato com as empresas, ele encontra motivos pelos quais a tendência ganha força:
— A alegação das empresas é que, se o jovem recebe uma proposta de R$ 100 a mais, já troca. Então, a rotatividade acaba impactando na empresa. Enquanto os 50+ não trocam por qualquer oferta, e ficam por um maior período nas empresas.
Segundo Lisandro, a estabilidade oferecida pelos 50+ não é só física, mas também emocional. A coordenadora Setorial da Saúde e Bem-estar do Sebrae RS, Ana Paula Rezende, traz outros atributos a serem considerados.
— Os profissionais maduros oferecem experiência, conhecimento acumulado e, muitas vezes, uma ética de trabalho sólida — diz ela, citando que essa fase pode ser o começo de uma nova etapa no mercado de trabalho.
Para Ana Paula, essa tendência ainda pode aumentar e, para isso, é preciso um maior incentivo de política pública, como programas direcionados à contratação de profissionais maduros.
Diferencial
Na avaliação de Lisandro, as pessoas com mais de 50 anos que procuram emprego com a carteira assinada geralmente o fazem na busca por garantias que o trabalho informal não é capaz de oportunizar. Já a remuneração fica na faixa entre um salário mínimo e R$ 2,5 mil, que somados a benefícios, como bônus de assiduidade, podem chegar na casa dos R$ 3 mil.
Segundo o coordenador, outras exigências para as vagas são: alguma escolaridade — quanto maior, melhor — e conhecimento de tecnologia. Para além de dominar o uso dos smartphones para tarefas do dia a dia, também é importante conhecer o Word e o Excel.
Para isso, Lisandro aponta que o caminho é a capacitação.
— O Sine está buscando recursos para qualificar esse público. A gente entraria nessa parte de tecnologia, e com palestras para saber como se adaptar a trabalhar com um público mais jovem, sem perder a autoestima.
Pontos de atenção
/// É possível procurar por vagas usando os filtros disponíveis no aplicativo da carteira de trabalho e no portal do Sine, que gera uma carta de recomendação do profissional. Não há uma indicação explícita de que a vaga é para a faixa dos 50+.
/// Lisandro diz que não percebe “autopreconceito” dos 50+ na busca por emprego, mas salienta a importância da capacitação nesse sentido para garantir a manutenção da autoestima no ambiente de trabalho.
/// A capacitação tecnológica passa pelo domínio do uso de smartphones, para trabalhos que envolvem QR Codes ou outras funcionalidades do dispositivo, por exemplo.
/// Dominar o uso de ferramentas como o Excel e o Word é um diferencial importante.
— Nem o mais jovem sabe. Tu dá um celular para ele e ele revira de cabeça para baixo, mas não sabe fazer uma planilha de Excel — diz Lisandro.
Produção: Breno Bauer