Mudança na paisagem
Chocolatão no Dilúvio? Entenda por que arroio em Porto Alegre está com a cor marrom
Normalmente, água do Dilúvio é de tom escuro. Segundo Dmae, normalização vai acontecer naturalmente


Nem produto químico, nem fenômeno decorrente de algas ou coisa semelhante. A cor marrom clara percebida no Arroio Dilúvio, em Porto Alegre, é turbidez — e o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) tem uma explicação para o aspecto chocolatão no local.
Segundo o órgão, dois trechos em obras no talude do Dilúvio, nas ruas Silva Só e Santana, passaram pela remoção dos materiais utilizados para desviar o curso d'água. Esse desvio fez com que uma área do arroio ficasse seca, permitindo a atuação dos operários.
"A alteração de cor em um trecho do arroio, portanto, é decorrente da mistura entre a água e o solo — processo habitual em melhorias do tipo", diz o Dmae.
Ainda de acordo com o departamento, "a normalização acontecerá naturalmente, à medida em que esta etapa for concluída".
Normalmente, a água do Dilúvio tem cor escura.
Especialista comenta
O professor Fernando Dornelles, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), cita justamente obras com movimentação de terra como fontes importantes de sedimento. Partículas que dificultam a passagem de luz, como argila, cimento ou uma matéria orgânica, também podem provocar a mudança de cor da água.
Outro motivo possível é a liberação de algum reservatório hídrico, ou seja, quando a água de um curso se mistura com outro grande volume de água.
— Essa turbidez temporária provavelmente não é uma geração natural ou sedimento carregado pela chuva. A água turva por tempo determinado pode ser o lançamento de quantidade significativa de água que estava represada e foi lançada no Dilúvio ou a influência de alguma obra, que utilizou bombeamento e escavação — explica o professor.
Dilúvio avermelhado em 2023
Não é a primeira vez que a cor da água do Dilúvio chama a atenção. No dia 6 de dezembro de 2023, o arroio amanheceu "cor de vinho". À época, o Dmae informou que a coloração avermelhada não foi expressiva ao ponto de causar alteração na captação da água bruta.
Após coleta de amostras para verificar o tipo de resíduo, não foi apontada nenhuma substância contaminante.
De leste a oeste da Capital
O arroio que corre de leste a oeste tem 12 quilômetros de extensão e 17 pontes. Nasce na Lomba do Pinheiro, Zona Leste, na represa da Lomba do Sabão.
Até a foz, no Guaíba, o Dilúvio recebe vários afluentes, como os arroios dos Marianos, Moinho, São Vicente e Cascatinha. O arroio deságua no limite entre o Parque Marinha do Brasil e a região do Anfiteatro Pôr do Sol.
O traçado original do manancial foi alterado com a canalização do arroio e a formação da Avenida Ipiranga. As obras começaram em 1940 e demoraram mais de 20 anos para serem concluídas.
O Arroio Dilúvio já foi conhecido por outros nomes: Riacho Ipiranga, Arroio da Azenha, Riachinho e ainda Arroio do Sabão.