Sujeira
Coleta segue com atrasos, e moradores reclamam de lixo acumulado em ruas de Cachoeirinha
Prefeitura argumenta que demora para recolhimento está relacionada "à maior geração de resíduos"

Quem circula por ruas de Cachoeirinha, na região metropolitana de Porto Alegre, ainda encontra contêineres de lixo transbordando e resíduos espalhados por calçadas, cobertos por moscas e com sacos abertos, deixando um odor desagradável e sensação de sujeira. Esses cenários foram encontrados nos bairros Jardim América e Veranópolis.
Na Vila Fátima, restos de comida se misturavam a fezes de animais e se acumulavam ao redor de dois contêineres lotados que ficam próximos a uma escola, no cruzamento das Ruas Borges de Medeiros e José Rodrigues. Passando pelo local, a autônoma Rosângela Maria de Souza, 51 anos, relatou que o problema está recorrente.
— Tem lixo em todas as ruas, faz umas duas semanas que não estão passando. E isso começa a trazer barata e rato, coisa que não tem, na minha casa não tinha. E até é perigoso para os animais domésticos — reclama.
Outra moradora faz coro, comentando que também está percebendo a mesma situação.
— Tinha que passar na terça, quinta e sábado, e eles estão passando uma vez na semana. Alguns trazem até o contêiner, outros deixam lá. Dizem que estão agilizando, mas para todo o lado que se vai em Cachoeirinha a gente só enxerga lixo — afirma a aposentadoria Maria Silveira, 69 anos.
Desde 13 de dezembro, as queixas aumentaram. Na quarta-feira passada (17), a prefeitura disse que quatro dos cinco caminhões da frota apresentaram falhas mecânicas simultâneas, mas que os veículos voltaram a circular. Em nota, o Executivo ainda citou que apurava a situação e que havia indícios de uma possível sabotagem ao serviço de coleta por parte da prestadora.
No mesmo dia, a gestão confirmou que cerca de 70% da cidade já estava com o serviço regularizado. No entanto, nesta segunda-feira (22), o município deu o mesmo dado, acrescentando que a estimativa dava conta do material recolhido até sexta-feira (19) e sem contabilizar o trabalho do final de semana, que ainda não foi divulgado.
Questionada sobre a continuidade dos problemas nesta segunda-feira, a prefeitura reconheceu que a situação agora se deve à "formação de filas na sexta-feira e no sábado no aterro sanitário de São Leopoldo, que atende a maioria dos municípios da Região Metropolitana".
Conforme nota da prefeitura de Cachoeirinha, "em média, o tempo perdido entre deslocamento e espera chega a cerca de quatro horas por caminhão, o que compromete diretamente o cumprimento das rotas de coleta. Essa situação não atinge apenas Cachoeirinha, mas diversos municípios que utilizam o mesmo aterro".
A gestão municipal ainda destaca que as filas no aterro "ocorreram, inicialmente, por uma questão interna da própria operação, relacionada a um manejo interno que estava sendo executado. Atualmente, o aumento no tempo de espera está ligado principalmente à maior geração de resíduos, situação comum nesta época do ano, e as filas no aterro acabam impactando diretamente o avanço da coleta".
A reportagem tenta contato com a CRVR, empresa que administra o aterro de São Leopoldo, e com outras prefeituras para checar se o problema se repete.