Ainda dá tempo
Deixou para a última hora? Veja onde encontrar presentes criativos para o Natal em Porto Alegre
Na XI Artesul – Feira de Artesanato, no Largo Glênio Peres, junto ao Mercado Público, o público pode encontrar diversas peças artesanais e originais


Que tal dar um presente original ou feito de forma manual neste Natal? Opções não faltam para quem circular pela XI Artesul – Feira de Artesanato, que ocorre até sábado (20), das 9h às 19h, no Largo Glênio Peres, junto ao Mercado Público, em Porto Alegre.
No local, 142 artesãos de 35 municípios gaúchos oferecem itens originais e até exóticos. Uma visita aos 85 estandes pode garantir o presente de última hora para alguém da família ou para os amigos.
No espaço Cássio Tambor, de Viamão, na Região Metropolitana, o artesão Jean Batista Cleber Santos, de 69 anos, oferece instrumentos musicais como tambores feitos de troncos de árvores e couro, com preços que variam de R$ 700 a R$ 900, além de berimbaus – de R$ 150 a R$ 200 – em tamanhos variados, inclusive em versões para crianças (R$ 80).
— A gente trabalha com material reciclado da natureza. Vemos o material e criamos aproveitando a forma dele. É uma coisa bem rústica e artesanal — explica Santos.
O artesão conta que morou dois anos na Bahia e nunca encontrou troncos rústicos como os achados nas matas do Rio Grande do Sul. Praticante de capoeira desde os oito anos de idade, ele diz que qualquer tronco pode ser aproveitado para a confecção de um tambor.
— Trabalhamos com fogo, água e puxamos o couro. E saem essas obras — explana.
No estande HG Madeiras, de São Leopoldo, no Vale do Sinos, chamam a atenção alguns tacos contendo mensagens como “paciência” e “motivação”, comercializados a R$ 60. Segundo o artesão Heitor Grohs, 61 anos, os clientes procuram o item para decorar a casa, mas também para deixá-lo guardado no carro como forma de segurança pessoal.
— Faço tudo manualmente: passo no torno, corto algumas peças na motosserra e depois lixo. É tudo feito no formão, à mão. As madeiras são de reciclagem e de queda de árvores. Eu compro e reciclo — detalha.
Grohs demora cerca de 40 minutos para criar um taco de madeira, geralmente feito de cedro ou eucalipto. O artesão diverte-se com a questão das inscrições nos tacos:
— Sempre brinco: o taco "motivação" é para as mulheres, e o "paciência", para os homens. Quando a mulher está irritada e nervosa mostramos o "paciência" para ela. E quando ela pede para o marido fazer alguma coisa, e ele não faz, a mulher mostra o "motivação".
No estande Renartes Arte em Madeira, de Bagé, na Campanha, objetos como um banco de madeira em formato de tartaruga e outros animais se destacam. O artesão Reni Spindola, 64 anos, mostra aos visitantes uma foto de sua juventude, quando atuava como goleiro de futebol.
Um dos itens mais comercializados por ele é o garfo parrillero, que serve para trabalhar a carne e virá-la de um lado para o outro sobre a grelha. O utensílio é produzido com cabo de guajuvira ou de guampa de cervo axis.
— Já as travessas feitas à mão e entalhadas com o formão custam entre R$ 100 e R$ 130 — acrescenta o ex-goleiro, que trabalha como artesão há 32 anos.
Por sua vez, no espaço Carpifa, de Santana do Livramento, na Fronteira Oeste, o artesão Fabiano Lopes, 52 anos, oferece uma variedade de brinquedos pedagógicos em madeira.
— Isso aqui começou para apoiar a terapia da minha filha, que tinha um pouco de déficit de atenção. A psicóloga recomendou brinquedos pedagógicos, e eu vinha da marcenaria tradicional. Comecei a estudar metodologia de ensino e brinquedos — compartilha Lopes.
Dessa maneira, o artesão começou a construir peças em madeira, reproduzindo flores e animais, para auxiliar no desenvolvimento de habilidades como coordenação motora e raciocínio. Há 25 anos, ele cria peças pedagógicas, como ábacos e torres de Hanói. Também comenta sobre o brinquedo labirinto, que ajuda a desenvolver o raciocínio das crianças.
— Tenho labirintos nos quais a criança faz a função da pinça, pega as peças pequenas e percorre o trajeto — resume.
Na feira, também há peças em couro – como chinelos campeiros, boinas, cintos e carteiras –, além de trabalhos em crochê, cutelaria, metal, madeira, cerâmica, cuias, mateiras, biscuit, tecelagem, bichos e bonecos, fibras vegetais, bordado, patchwork, chifre, macramê, pintura, guirlandas, origami, sucata de tecido, tricô, sucata de pedra e acessórios de tecido. Um dos estandes exibe barcos feitos à mão.