Região Metropolitana
Escola de educação infantil de Alvorada é investigada por suspeita de maus-tratos e administração irregular de medicamentos em crianças
Na manhã desta segunda-feira (15), o Conselho Tutelar da cidade esteve na instituição de ensino e pediu fechamento preventivo da escola



A Polícia Civil investiga um caso suspeito de maus-tratos e administração irregular de medicamentos em crianças atendidas em uma escola no município de Alvorada, na Região Metropolitana. Os relatos envolvem a Escola de Educação Infantil Rafa Kids, que é uma instituição particular de ensino, localizada no bairro Maringá.
Na última sexta-feira (12), pais procuraram a Polícia Civil e registraram ocorrências contra a escola. O Conselho Tutelar recebeu os relatos no domingo (14). Na manhã desta segunda-feira (15), os conselheiros estiveram no local.
Após a visita, o Conselho Tutelar oficiou a prefeitura de Alvorada, solicitando o fechamento preventivo da escola até a apuração dos fatos. Também foi requerida a atuação da Vigilância Sanitária.
De acordo com nota (leia a íntegra abaixo) enviada pelo Conselho, "as providências cabíveis estão sendo adotadas, priorizando a segurança, a saúde e o bem-estar das crianças, com total rigor e responsabilidade."
Os pais relatam que obtiveram prints de conversas trocadas entre funcionárias da escola num grupo de WhatsApp, relatando a administração de substâncias para acalmar as crianças. O caso foi inicialmente registrado na 1ª Delegacia de Alvorada, mas está atualmente sob investigação da Delegacia da Mulher de Alvorada, onde pais devem ser ouvidos ainda nesta segunda-feira.
Victória Camargo, de 26 anos, que é mãe de um menino de quatro anos, relata que soube da suspeita na última sexta-feira. Na manhã desta segunda, os pais estiveram nas proximidades da escola, realizando uma manifestação.
— É uma revolta bem grande, minha e de todas as mães. Temos imagens das crianças comendo num pote minúsculo. Todas no mesmo pote. Meu filho relatou que recebeu um "cascudo" e que a professora deu um tapa no rosto dele — diz Victoria.
Suspeita de uso irregular de medicamentos
Nas conversas obtidas pelos pais é possível ver um grupo, com o nome "Rafa Kids". Numa das trocas de mensagens, há a foto de um menino deitado, com os olhos abertos. A mãe do garoto registrou ocorrência ainda na sexta-feira, relatando a suspeita de que o filho tenha sido dopado.
A mensagem com a foto do garoto teria sido enviada por uma das professoras do maternal. Logo abaixo, está a mensagem "dei umas gotinhas do (cita o nome de outra criança)". Há uma série de outras mensagens, nas quais as integrantes fazem referência à administração de "gotinhas".
Numa delas, um menino aparece em pé sobre uma mesinha e abaixo está a mensagem "acho que as gotinhas fizeram efeito". A suspeita dos pais é de que estivesse sendo usado algum tipo de medicamento, de outras crianças, para acalmar as demais.
A reportagem entrou em contato com a delegada Carolina Terres, responsável pela investigação, que confirmou a apuração do caso, mas informou que não se manifestará neste momento. A reportagem também tenta contato com a Escola de Educação Infantil Rafa Kids, mas, até a publicação desta reportagem, ainda não havia recebido retorno.
Confira nota do Conselho Tutelar na íntegra
"O Conselho Tutelar de Alvorada recebeu, neste domingo (14), uma denúncia sobre possíveis procedimentos inadequados na Escola de Educação Infantil Rafa Kids, instituição de ensino particular. Diante da gravidade da situação, a equipe realizou vistoria no local já na manhã desta segunda-feira (15).
Após a visita, o Conselho Tutelar oficiou a Prefeitura de Alvorada solicitando o fechamento preventivo do estabelecimento, até a completa apuração dos fatos. Também foi requerida a atuação da Vigilância Sanitária, com pedido de visita técnica no local.
Como medida de proteção, as crianças foram encaminhadas para avaliação médica no Hospital de Alvorada. O caso também foi formalmente comunicado ao Ministério Público, e os responsáveis legais foram orientados a registrar ocorrência junto à Polícia Civil.
A Prefeitura de Alvorada acompanha o caso e reforça que as providências cabíveis estão sendo adotadas, priorizando a segurança, a saúde e o bem-estar das crianças, com total rigor e responsabilidade."