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Garrafas d'água e higiene: quais os aliados para  evitar a desidratação de crianças no verão?

Com a chegada do calor, a pouca ingestão de líquidos e infecções gastrointestinais podem trazer consequências graves aos pequenos. 

24/12/2025 - 05h00min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
kaganskaya115/stock.adobe.com
Para cada faixa etária, há uma recomendação

Com a chegada do verão, a água começa a ganhar protagonismo no dia a dia das crianças. E a ingestão adequada desse líquido deve ser uma preocupação para evitar os quadros de desidratação.

Pediatra e coordenador do internato de pediatria da PUCRS, Mateus Giongo aponta que, diferentemente da fase adulta, quando há recomendações mais exatas “de garrafas de água ou litros por dia”, a hidratação na infância depende muito da exposição da criança ao calor e tem relação com a quantidade de suor e as perdas hídricas – o especialista aponta que os valores podem ir de 30 ml a 100 ml por quilo. Para evitar casos extremos, a recomendação é a insistência: ao longo do dia, pais devem lembrar os filhos de tomar água de tempos em tempos. 



Ele observa que as gerações mais novas têm uma grande aliada: a garrafinha d’água.

— Um ponto bem positivo dessa geração atual é que a gente enxerga a maior parte dos adultos e das crianças com garrafinhas, e cada vez mais com a tecnologia de manter água mais geladinha. Isso acaba sendo uma coisa bem recomendada e as próprias escolas têm estimulado bastante a prática de levar garrafinhas dentro das lancheiras. É algo que deve ser estimulado. Há 10 ou 15 anos, a gente não via isso — comenta.

Infecções

Porém, o excesso de suor e a pouca ingestão de água não são os únicos fatores de risco. Com as crianças mais livres, de férias, podem ocorrer descuidos com a higiene, pois “a criança vai na praia, bota a mão no chão, bota a mão na boca, e acaba tendo um risco maior de contaminação”, exemplifica Giongo. Por isso, enquanto no inverno a preocupação são os quadros virais de gripe, no verão, infecções intestinais como gastroenterites tendem a aumentar. Caracterizadas por vômitos e diarreias, elas também agravam a perda de líquidos. Na maior parte das ocorrências, a hidratação oral pode resolver o quadro de 48 a 72 horas. 

– Quando a desidratação é leve ou moderada, a tentativa é sempre por via oral  – diz Giongo. – Em situações mais graves, quando a criança está mais sonolenta, mais prostrada e não vai conseguir fazer isso pela boca, é indicado a soroterapia, pela veia. Mas sempre a tentativa é de que isso seja o último recurso. 

Em qualquer um dos casos de desidratação, ele salienta que os pais devem procurar um pediatra quando há vômitos e diarreia intensos ou com sangue e quando a prostração e a sonolência são muito evidentes.

Evite líquidos com açúcar 

Nem todos os líquidos são bons para um quadro de desidratação. Mateus Giongo faz um alerta para aqueles ricos em açúcar:

— O problema maior desses líquidos que têm açúcar é que eles vão estimular mais as perdas hídricas. Eles acabam, às vezes, desencadeando até diarreia, um quadro em que tu vai perder mais líquido.

Assim, sucos de caixinha ou de frutas laxativas também devem ser evitados nesses casos. O que pode auxiliar são bebidas ricas em eletrólitos, como sódio e potássio: 

— Eles são, de certa forma, os sais do sangue. Nos vasos, ajudam muito na regulação da quantidade de água que fica dentro do nosso corpo.  

Ele exemplifica que tônicos como o Gatorade ou outros industrializados nesse estilo possuem menos açúcar e um perfil adequado de sódio, sendo mais recomendados. Mas fica o alerta, deve-se seguir sempre a recomendação de um pediatra que avalie a criança. 

Giongo ainda desmistifica o que chama de “lenda urbana”: o refrigerante é um aliado para os casos de gastrite. Ele atesta que isso é mito.

– As pessoas acham que o refrigerante automaticamente melhora a hidratação. Mas ele acaba sendo um dos vilões, pela quantidade de açúcar que possui.

Orientações gerais

Giongo traz estimativas de consumo de água por dia para os pequenos, mas ressalta que os valores podem mudar a depender da exposição ao calor:

/// Até os 6 meses de idade, a ideia da hidratação vem do leite materno;

///  Dos 6 meses a 1 ano, além do leite materno, é recomendado o consumo de 100 a 200 ml por dia;

///  De 1 a 3 anos, 1 litro ou 1,5 litro;

///  Da infância até a adolescência, a hidratação pode aumentar gradativamente até atingir valores como 2 litros ou 2,5 litros por dia.

Cuidados

/// Evitar exposição ao sol das 10h às 16h;

/// Passar protetor solar;

/// Usar repelente, que evita a dengue, infecção que também causa desidratação.

Quadros de desidratação

Um quadro de desidratação pode ser leve, moderado ou grave. Os sintomas mais evidentes da desidratação grave são:

///  Prostração;

///  Sonolência excessiva; 

///  Choro sem lágrimas;

///  Pouca saliva;

///  Olhos encovados (ou olho “para dentro”);

///  Criança mais irritadiça;

///  Em quadros médios, a criança reclama de sede. Nas ocorrências mais graves, ela, pela sonolência, não tem força para beber água; 

///  Vômitos e diarreias agravam o quadro.


*Produção: Breno Bauer


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