Variante do influenza
Gripe K: o que é a nova doença que gerou alerta na OMS para 2026
Subtipo do vírus da gripe vem se disseminando em diversos países e passou a ser monitorado

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para a próxima temporada de gripe, prevista para o fim de 2025 e início de 2026, diante do aumento da circulação do vírus influenza em diversas regiões do mundo.
O aumento dos casos tem sido impulsionado principalmente por uma variante do influenza A (H3N2), que passou a se disseminar com mais rapidez a partir de agosto de 2025 e entrou no radar das autoridades de saúde.
De acordo com a OMS, trata-se do subclado — ou variante genética — conhecido como “K”, também identificado como J.2.4.1, uma nova ramificação do vírus da gripe sazonal. Apesar da circulação crescente em diferentes países, os dados disponíveis até o momento não indicam que essa variante esteja associada a quadros mais graves da doença.
O que a OMS confirma — e o que segue em análise
A expressão “gripe K” tem aparecido com frequência em manchetes e nas redes sociais, mas a OMS esclarece que não se trata de um novo vírus.
Na prática, o que se observa é a evolução natural do influenza A, conhecido por sofrer mutações constantes. A ramificação genética K apresenta algumas diferenças em relação a variantes anteriores e vem sendo detectada com maior frequência em amostras coletadas em diversas partes do mundo.
Em seu comunicado, a OMS faz uma ponderação importante: a atividade global da gripe, de modo geral, permanece dentro do padrão esperado. Ainda assim, alguns países registraram aumentos mais precoces e intensos do que o habitual. O momento preocupa porque coincide com a chegada do frio no Hemisfério Norte — os sistemas de saúde já costumam operar sob maior pressão durante o inverno.
A organização define o momento atual como típico da gripe sazonal — uma infecção respiratória causada por vírus influenza que circulam em todo o mundo e podem provocar desde sintomas leves até quadros graves, com risco de hospitalização e, em casos mais graves, morte.
De acordo com a entidade, os dados epidemiológicos disponíveis até agora não indicam aumento da gravidade dos casos associados à variante K. Ainda assim, a OMS classifica a disseminação dessa linhagem como uma “evolução notável”, uma vez que ela vem se espalhando rapidamente por diferentes regiões.
Essas mudanças são monitoradas de perto porque o influenza A (H3N2), assim como outros vírus da gripe, sofre mutações frequentes. Essas alterações podem afetar tanto a capacidade de transmissão do vírus quanto o nível de proteção da população, construído a partir de infecções anteriores ou da vacinação.
Como a variante está se espalhando
Desde agosto de 2025, a OMS observa um aumento rápido na detecção da variante K do influenza em diversos países, com base em dados de sequenciamento genético. Esse avanço ocorre paralelamente à chegada do inverno no Hemisfério Norte, período em que as infecções respiratórias costumam crescer.
Como resultado, a temporada de gripe começou mais cedo em alguns locais e já pressiona hospitais, segundo a entidade. Na América do Sul, ainda não há registro da circulação da variante, mas especialistas consideram provável sua chegada ao Brasil, diante do aumento da circulação internacional de pessoas.
Na Europa, a organização identificou um início antecipado da temporada de gripe, medido pelo aumento da positividade dos testes e pela predominância do influenza A(H3N2) tanto na atenção primária quanto em hospitais.
Em outras regiões, o cenário é mais heterogêneo: em partes do Hemisfério Sul, algumas temporadas foram mais longas do que o habitual, enquanto em áreas tropicais a circulação do vírus tende a ser mais contínua ao longo do ano. Esse monitoramento é feito pelo Global Influenza Surveillance and Response System (GISRS), rede coordenada pela OMS que reúne mais de 160 instituições em 131 países e combina dados clínicos, epidemiológicos e genéticos.
Apesar da atenção voltada à variante K, a OMS reforça que a vacinação segue sendo uma ferramenta central de saúde pública. Dados preliminares indicam que a vacina continua reduzindo a necessidade de hospitalização, com efetividade estimada entre 70% e 75% em crianças de 2 a 17 anos e entre 30% e 40% em adultos, ainda que os percentuais variem conforme a região e o grupo.
A organização destaca que, mesmo em um cenário de mudanças genéticas do vírus, a vacinação permanece especialmente importante para pessoas com maior risco de complicações e para quem cuida delas.
Recomendações da OMS
A OMS não recomenda, no momento, restrições a viagens ou ao comércio com os países mencionados no alerta.
A orientação da entidade concentra-se em medidas tradicionais de prevenção, com foco em duas frentes principais: o reforço da vigilância e da preparação dos sistemas de saúde, por meio do monitoramento contínuo dos vírus, da identificação de padrões incomuns e do fortalecimento da capacidade laboratorial; e a proteção individual e coletiva, com a vacinação anual de grupos de risco e profissionais de saúde, além da adoção de medidas proporcionais para reduzir a transmissão, como higiene das mãos, etiqueta respiratória e, em caso de sintomas, evitar contato próximo e considerar o uso de máscara em ambientes sensíveis.