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Pouca testagem contribui para liderança de Porto Alegre em mortes por Aids no país

De acordo com boletim do Ministério da Saúde, a capital também ocupa a primeira posição em detecção de infecção entre gestantes.

10/12/2025 - 15h13min

Atualizada em: 10/12/2025 - 15h14min


diario gaucho
Porthus Junior/Agencia RBS
Testes rápidos estão disponíveis em todas as unidades de saúde da capital.

O Dezembro Vermelho marca uma mobilização nacional contra o HIV, a Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), com foco na prevenção e diagnóstico. De acordo com boletim divulgado pelo Ministério da Saúde (MS) na semana passada, a capital lidera o número de óbitos por Aids no país, com 12 mortes a cada 100 mil habitantes.

Eliana Wendland, professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e médica epidemiologista no Hospital Moinhos de Vento, diz que a falta de testagem é um dos motivos para o alto número.

– O problema central é a falta de detecção na população. Um terço das pessoas vivendo com HIV no Rio Grande do Sul não sabe que tem o vírus. Essas pessoas só chegam para tratamento quando a doença já está avançada. A mortalidade alta mostra que há diagnóstico tardio – destaca.

Circulação

Segundo o boletim, além da alta mortalidade, a Capital aparece em primeiro lugar na lista dos municípios com maior taxa de detecção de infecção pelo HIV entre gestantes. São 14,9 casos entre gestantes, parturientes ou puérperas a cada mil nascidos vivos, quase cinco vezes a média nacional (3,2). Para Diego Falci, infectologista do Hospital São Lucas da PUCRS, o acompanhamento das gestantes é um indicador importante para entender a circulação do vírus.

– As gestantes são uma população que, compulsoriamente, é toda testada no pré-natal. É como se eu tivesse um retrato da população em geral – explica.

Além disso, Diego atribui os altos índices de HIV/Aids na região metropolitana de Porto Alegre à desigualdade social.

– A Região Metropolitana sempre teve desigualdade social e dificuldade de acesso à saúde, e isso aumentou a vulnerabilidade para o HIV. Se a gente diagnosticasse mais cedo, não teríamos a mortalidade tão alta, por exemplo – afirma.

Por outro lado, a Capital interrompeu a transmissão vertical do HIV, que é quando a doença é passada de mãe para filho. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre (SMS), a taxa está abaixo de dois casos para cada cem crianças expostas.

Contágio

O HIV é o vírus que ataca o sistema imunológico e, no início, pode não apresentar sintomas. A Aids é a condição causada pelo HIV em estágio avançado. A infecção é transmitida principalmente através de fluidos corporais específicos:

/// Sexo sem camisinha (vaginal, anal ou oral)
/// Uso compartilhado de seringas
/// Da mãe para o bebê na gravidez, parto ou amamentação
/// Instrumentos cortantes não esterilizados

Prevenção

Além das camisinhas internas e externas, e dos testes rápidos disponíveis em todas as unidades de saúde de Porto Alegre, a Capital oferece outros dois métodos para prevenir o HIV:

/// PrEP (Profilaxia Pré-Exposição): medicamento tomado diariamente para prevenir o HIV em pessoas que não vivem com o vírus e que, segundo o MS, tem eficácia superior a 99% quando usado corretamente. Em Porto Alegre, está disponível para a população em geral a partir de 15 anos. Interessados devem procurar sua unidade de saúde de referência, onde a equipe fará avaliação e dará orientações.

/// PEP (Profilaxia Pós-Exposição): é um tratamento de emergência iniciado até 72 horas após uma situação de risco. O uso é por 28 dias e também é eficaz se seguido corretamente. Após a situação de risco, procure imediatamente uma unidade de saúde para receber orientação e iniciar o tratamento.

Produção: Henrique Moreira


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