Direto da Redação
Samuel Bizachi: "Futebol em piso de plástico"
Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano


É no suposto “país do futebol”, com a única seleção pentacampeã mundial, que uma praga se prolifera: o piso de plástico para a prática do esporte mais popular do mundo. A partir de 2026, 30% dos clubes da Série A do Brasileirão devem mandar jogos em campo de material sintético (Palmeiras, Botafogo, Athletico-PR, Chapecoense, Atlético-MG e Vasco – este último porque deve jogar na casa botafoguense, em razão de obras em São Januário). Conforme apuração do portal ge, o número de jogos em gramados artificiais chegaria a 114 no próximo ano.
Nem vou me aprofundar no tema saúde dos atletas porque não tive acesso a algum estudo consolidado que indique, de fato, que o piso de plástico prejudica joelhos ou articulações. Ainda assim, não podemos ignorar o fato de que nomes relevantes como Lucas, do São Paulo, Neymar, do Santos, e Luis Suárez, na época do Grêmio, se negaram a jogar em campo artificial ou criticaram publicamente o uso dele no Brasil. Supostamente, em razão da saúde.
Entrar na briga
O que pega para o torcedor é que, claramente, o jogo não é o mesmo no plástico. A bola quica diferente, a velocidade é outra e jogadores não têm o mesmo desempenho, por diferentes razões.
“Ah, mas são campos aprovados pela Fifa”, alguém vai dizer. Certo, mas aprovados para as competições dos outros. Ou não é curioso que a Fifa proíba piso de plástico nos seus torneios, como Copa do Mundo e Mundial de Clubes? Na Inglaterra, gramados artificiais são proibidos até na quarta divisão. A Holanda baniu o uso, recentemente. “Ah, mas europeus têm mais dinheiro pra cuidar da grama”, outro vai falar. Será? As principais ligas de Argentina, Uruguai e Colômbia também não usam sintético.
No Brasil, o modelo se proliferou para priorizar, em detrimento do esporte, shows nos estádios ou para reduzir custo de manutenção. Nesta semana, o Flamengo protocolou na CBF uma proposta que defende o fim do piso sintético. Grêmio e Inter bem que poderiam entrar nessa briga.