Contra o PL da Dosimetria
"Sem anistia": pedem manifestantes em Porto Alegre
Com sósias de Bolsonaro e Moraes, protesto em Porto Alegre pede fim de projeto que reduz penas a condenados por golpe


Sob gritos de "sem anistia para golpista", manifestantes contrários à redução de penas dos condenados pela tentativa de golpe marcharam desde a Redenção até o Largo dos Açorianos, em Porto Alegre, na tarde deste domingo (14). O protesto era contra o chamado PL da Dosimetria, em análise no Congresso Nacional.
Houve atos em outras capitais brasileiras neste domingo.
Sob sol forte e temperaturas acima de 30ºC, enquanto os primeiros manifestantes já chegavam ao largo, onde os aguardava um caminhão de som, a passeata ainda avançava pela Rua Lima e Silva, a cerca de 600 metros de distância.
Os participantes da manifestação exibiam bandeiras do Brasil e de partidos de esquerda, além de carregar cartazes com frases como "Congresso inimigo do povo", "Centrão ladrão" e "Fora Hugo Motta", em alusão ao presidente da Câmara que, na semana anterior, pautou o PL da Dosimetria destinado a abreviar as penas de quem foi condenado pela tentativa de golpe que culminou na depredação da Praça dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro.
– Estou aqui pela democracia. Reduzir as penas dos golpistas seria um estímulo a novas tentativas. Como meu pai dizia, cobra não se carrega no bolso – afirmou a aposentada Sônia Caciamani, 69 anos.

Pouco depois das 16h, a manifestação seguia com discursos de políticos de esquerda no Largo dos Açorianos. Porém, em razão do clima tórrido, parte significativa dos participantes começou a deixar o local em busca de alívio. Quem permaneceu ao redor do caminhão de som procurava as poucas sombras disponíveis para reduzir o impacto dos raios solares em um céu sem nuvens.

Enquanto um manifestante vestido de Alexandre de Moraes era saudado, outro fantasiado de presidiário com uma máscara de Jair Bolsonaro era motivo de risos quando gritava "Trump, me ajuda".
O falso Alexandre de Moraes era interpretado pela terceira vez pelo chef de cozinha José Milanez, 60 anos.
– Na primeira vez, foi para me divertir. Depois participei de uma segunda passeata, e acho que agora nem deveria ter sido necessário. O calor está insuportável – disse Milanez, enfiado em um terno preto recoberto por uma capa igualmente escura e tomado de suor.
Enquanto a manifestação seguia para os momentos finais, já no começo do entardecer, a dupla era assediada por outros participantes do protesto a fim de tirar fotos.
– Bolsonaro tem de cumprir toda a pena. Sem dosimetria – cobrou o imitador do ex-presidente, o técnico civil Vanderlei Domingues, 59 anos.