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Verão no RS terá temperaturas acima da média e risco de eventos extremos

Nova estação começa oficialmente neste domingo (21), às 12h03

20/12/2025 - 19h32min


Zero Hora
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Entre dias de sol escaldante e temporais que chegam sem aviso, os próximos três meses prometem o típico jogo de contrastes que só o verão gaúcho sabe oferecer. A nova estação começa oficialmente neste domingo (21), às 12h03 – e termina no dia 20 de março de 2026, às 11h45 –, com a expectativa de temperatura acima do habitual e incertezas com relação à quantidade de chuva.

Tradicionalmente, o verão no Rio Grande do Sul traz períodos ensolarados mais longos e noites mais curtas, além da possibilidade de mudanças rápidas nas condições do tempo com a passagem de frentes frias.

Essas variações favorecem pancadas de chuva intensas e passageiras, sobretudo durante a tarde, quando os índices dos termômetros estão mais elevados. 

Os destaques da estação

  • Verão mais quente do que o normal em quase todo o Estado
  • Episódios de temperaturas muito altas podem ocorrer, com risco de onda de calor nas áreas de fronteira com a Argentina e o Uruguai
  • A passagem de frentes frias e o calor provocam pancadas de chuva com raios ao longo da estação e eventuais temporais
  • Fevereiro e março podem ser mais propícios à ocorrência de eventos severos
  • Condições de La Niña enfraquecem, e RS entra em neutralidade climática

Três meses de calorão

A previsão para o verão de 2025/2026 é de que o período feche com médias de temperatura acima do normal

De acordo com o meteorologista Glauber Ferreira, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o aumento mais intenso é previsto em áreas do Noroeste, do Centro e nas proximidades da Região Metropolitana. Nessa porção, a elevação pode chegar a 1ºC em comparação aos registros históricos. 

Entre janeiro e março, as máximas costumam variar entre 27ºC e 35ºC, a depender da região e do mês. As mínimas, entre 16ºC e 22ºC. Os índices mais altos estão previstos para a Fronteira Oeste e o Noroeste

A professora do curso de Meteorologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Eliana Klering aponta que fevereiro e março devem ser os meses com elevação mais expressiva.

Também devem ter maior chance de episódios de calor intenso e fenômenos como ondas de calor.

— A gente vê essa tendência de aumento de temperatura nos modelos de previsão climática. É possível que a gente tenha algumas ondas de calor nesse período, o que também é normal e é esperado durante o verão aqui no Rio Grande do Sul — diz.

Caroline Vidal Ferreira, meteorologista do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/Inpe), pondera que, apesar da tendência de um verão mais quente, não são descartados períodos com índices reduzidos.

— Esse cenário não quer dizer que não possa ter episódios com temperatura mais baixa ou relativamente mais baixa devido às chuvas ou, eventualmente, à entrada de alguma frente fria, como aconteceu nos últimos dias. Mas, ao findar esses três meses, na média, a temperatura deve ficar com valores acima da média histórica — pondera.

Quantidade de chuva não é um consenso 

Os modelos climáticos têm divergido com relação à quantidade de chuva no território gaúcho. Há os que apontam para uma tendência abaixo da média, enquanto outros para acumulados superiores ou dentro da normalidade.   

Na previsão do Inmet e do Inpe, são esperados índices acima da média, que oscila entre 100 e 220 milímetros por mês.

Os maiores volumes são previstos para áreas da Campanha, do Centro, do Sul e do Noroeste, com acumulados até 50 mm superiores aos registros históricos.

Na interpretação da professora Eliana Klering, da UFPel, a chuva deve ficar dentro da média. Já para a Climatempo, abaixo.

Um dos motivos para essa variabilidade são os diferentes sistemas meteorológicos que estão exercendo influência sobre o RS, como as condições de La Niña e os fenômenos globais.

— Estamos com uma confiabilidade muito baixa na previsão para o Rio Grande do Sul. Algumas previsões numéricas indicando chuva abaixo da média, que seria uma influência do La Niña, e alguns modelos indicando chuvas acima da média para todo o trimestre — aponta Caroline Vidal.

Conforme Eliana, entre dezembro e janeiro, o Estado deve entrar em um período de transição entre a finalização do La Niña e o retorno à neutralidade climática. 

— A gente vai começar com o processo de aquecimento do Oceano Pacífico Equatorial. Isso provoca uma modificação na dinâmica dos ventos como um todo no globo terrestre. Então, o que a gente espera para esse próximo dezembro e janeiro é um retorno à normalidade — conclui.

São previstos novos eventos extremos?

O que se observa é uma intensificação dos eventos extremos no RS, como tempestades, afirma a professora Eliana, da UFPel. Durante o verão, essa chance aumenta. 

  • Calor intensifica a instabilidade atmosférica: o aquecimento da superfície faz o ar próximo ao solo subir rapidamente, levando umidade para níveis mais altos, onde forma nuvens carregadas. Quanto maior a diferença entre o ar quente na superfície e o ar frio em altitude, maior a energia disponível para favorecer chuva forte, com raios, granizo e rajadas de vento. 

E o Nordestão?

Um dos protagonistas do verão gaúcho, o vento que levanta tudo à beira-mar, o "Nordestão", é comum e esperado para o período que se aproxima. 

— O esperado é predomínio de vento nordeste em todo o Litoral durante o período do verão, assim como no ano todo. Só que a gente nota mais no período mais quente, porque no verão o vento também é mais quente. Ele é mais desconfortável. Mas é uma característica do litoral do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul — finaliza Eliana.

*Produção: Carolina Dill


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