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Risco aos astronautas

Danos cerebrais causados por radiação espacial podem comprometer missões a Marte

Exposição prolongada à radiação pode danos permanentes no cérebro, comprometendo viagens que estão nos planos de agências como a Nasa

02/05/2015 - 09h05min

Atualizada em: 02/05/2015 - 09h05min


* AFP

Pat Rawlings / SAIC
Mandar uma tripulação a Marte exige a superação de vários obstáculos: tecnológicos, psicológicos, físicos, científicos

Enviar pessoas para o espaço profundo, como missões a Marte ou rumo a um asteroide, é uma das grandes ambições da Nasa, mas estudos feitos com camundongos sugerem que a exposição prolongada à radiação causa danos permanentes no cérebro, revela um estudo publicado nesta sexta-feira.

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Danos ao sistema nervoso central e perdas cognitivas foram observados em animais de laboratório expostos a partículas energéticas altamente carregadas, similares aos raios cósmicos galácticos que os astronautas encontrariam durante longos voos espaciais, afirmaram cientistas na Universidade da Califórnia em Irvine (UCI).

- Não são boas notícias para os astronautas que levarão de dois a três anos, ida e volta, para viajar a Marte - explicou o principal autor do estudo, Charles Limoli, professor de rádio-oncologia da Escola de Medicina da UCI.

- Redução do desempenho, perda de memória, de consciência e de concentração durante o voo espacial podem afetar atividades críticas da missão e a exposição a estas partículas pode ter consequências adversas de longo prazo para a cognição durante toda a vida - acrescentou.

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Atualmente, astronautas internacionais se revezam em turnos que duram cerca de seis meses a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS).

A Nasa pretende enviar pessoas a Marte em 2030, mas críticos afirmam que nem mesmo existe a tecnologia para tal, nem está claro se este tipo de viagem seria segura para as pessoas.

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O estudo mais recente publicado sobre o tema na revista Science Advances expôs roedores de laboratório à radiação de partículas carregadas por seis semanas no Laboratório de Radiação Espacial da Nasa, no Laboratório Nacional de Brookhaven.

De acordo com o estudo, o oxigênio e o titânio totalmente ionizados causaram inflamação no cérebro, afetando a transmissão de sinais entre os neurônios. A radiação prejudicou a rede de comunicação do cérebro, interferindo na habilidade das células nervosas em transmitir sinais.

"Como uma bala, as partículas atingem as ramificações dendríticas, fazendo-as se romper", destacou o estudo. "É bem conhecida a relação entre a perda destas ramificações dendríticas e o declínio cognitivo do mal de Alzheimer e outras doenças", concluiu.

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Testes de aprendizado e memória também demonstraram um desempenho ruim das cobaias expostas à radiação e que as mesmas eram propensas à confusão, quando comparadas com camundongos normais.

"Animais expostos à radiação perderam curiosidade (e ficaram menos ativos) em novas situações e se tornaram cada vez mais confusos", destacou o estudo. "Se as mudanças neuronais demonstradas em camundongos ocorrerem em astronautas, sua resposta a situações inesperadas, bem como sua habilidade de avaliação espacial e de lembrar informações podem ficar comprometidas", afirmou.

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Problemas mentais similares podem levar meses para se desenvolver em seres humanos, mas qualquer missão a Marte deve levar pelo menos um ano e meio, provavelmente mais.

Viver na ISS não é a mesma coisa, porque a estação orbita o planeta a uma altitude que ainda está dentro da magnetosfera protetora da Terra. Consequentemente, os astronautas não são bombardeados com raios cósmicos galácticos existentes no espaço profundo e que são remanescentes de explosões no passado conhecidas como supernovas.


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