Logo que atende ao telefone para conceder entrevista a Retratos da Fama, Erasmo Carlos dá o tom do papo que vem a seguir: - Como vai a terra das mulheres mais lindas do Brasil? Aliás, bicho, com frio, elas ficam mais lindas ainda, se vestem melhor! É neste clima descontraído, de tiradas inteligentes, que Erasmo, 71 anos completados no último dia 5, fala sobre o início da sua trajetória, sobre mulheres e a respeito da comemoração do seu cinquentenário de carreira.

A prova viva é o DVD Erasmo Carlos 50 Anos de Estrada ( preço médio de R$ 25), gravado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Um trabalho que relembra algumas das suas melhores composições, desde a jovem guarda, passando por temas ecológicos, românticos e um medley de canções eternizadas por ele e pelo parceiro Roberto Carlos que, aliás, participa do álbum a exemplo de Marisa Monte.

Gravar no Theatro Municipal
- Eu não sei o conceito que as pessoas têm hoje do Theatro Municipal, mas, quando eu comecei, em 1960, o Municipal era uma coisa muito grande, um templo das artes nobres, algo inatingível para um cara da Tijuca (bairro popular do Rio de Janeiro), aventureiro. Ao levar o rock para o Municipal, nesta gravação, fiz dele algo nobre. Na gravação, passou um filme na minha cabeça, lembrei da minha mãe (Maria Diva Esteves, falecida em 2004). Ela foi uma guerreira e batalhou muito para me criar sozinha quando veio, já grávida, da Bahia.

A ideia começou assim...
- Queríamos (Erasmo e os músicos da banda) terminar a turnê Rock ‘ N’ Roll no Municipal, apenas isso. E as ideias foram fluindo, surgiu a iniciativa de gravar o DVD, que foi crescendo aos poucos. O show aconteceu por acaso. Era uma comemoração nossa, e, quando consegui fechar a participação do Roberto (Carlos - os amigos cantam juntos Parei na Contramão e É Preciso Saber Viver) e da musa Marisa Monte (que faz dueto com Erasmo em Mais Um na Multidão), fiquei mais feliz ainda. Que mulher linda, bicho!

50 anos de carreira
- Ah, é uma sensação de vitória interior. Consegui tudo isso com o meu esforço, com a honestidade do meu trabalho, com todos os altos e baixos da minha carreira. Durmo em paz comigo mesmo.

Fama de pegador
Erasmo Carlos, que se diz solteiríssimo, dá risada da sua fama de conquistador: - Repito o que já disse... Modéstia à parte, se cada um tem uma cota de mulher na vida, eu fiquei com a cota de vários ( risos). Mas, hoje, a proposta mudou, eu acho. Na minha época, o que contava era a quantidade. Hoje, é a qualidade.

Flores e espinhos
- Vivi momentos lindos, maravilhosos, como quando cantei no Maracanã, em 2009, no especial do Roberto Carlos. Chorei naquele momento, por estar ali, com ele. Um dos Rock In Rio de que participei (em 2011) foi maravilhoso, pois era o público que eu queria ter encontrado no primeiro. Tinha uma mágoa daquele primeiro.

Em 1985, na primeira edição do festival, Erasmo foi vaiado ao tocar na noite do heavy metal. Por isso, comentou sobre esta sua segunda vez no Rock In Rio, quando, tocou com Arnaldo Antunes, em uma noite memorável: - Lavei a alma naquele dia! Mas tive momentos complicados, algumas derrotas, como o período em que usei drogas.