No cinema
"Giovanni Improtta é um filme do José Wilker", afirma ator e diretor em entrevista
Diário Gaúcho conversou por telefone com Wilker sobre a estreia do bicheiro nas telonas

O "felomenal" bicheiro Giovanni Improtta está de volta, e José Wilker, 65 anos, vive na telona o personagem que fez sucesso na novela Senhora do Destino (2004), de Aguinaldo Silva. E com uma novidade: o filme Giovanni Improtta, que estreia nesta sexta-feira (17), é o pontapé inicial do ator na carreira de diretor de cinema.
Na trama, o contraventor sonha com a ascensão social, mas o seu comportamento desagrada a cúpula do jogo do bicho. O Diário Gaúcho conversou por telefone com Wilker!
Diário Gaúcho - Ansioso com a estreia do filme?
José Wilker - Minha ansiedade foi diminuindo a partir da belíssima recepção que a gente já teve do público nas pré-estreias. Eu estou na maior expectativa para saber como será a carreira do filme, como ele conversa, como vai acontecer essa minha brincadeira de fazer humor para que as pessoas pensem.
Diário - O que é mais difícil: dirigir o José Wilker ou ser dirigido pelo José Wilker?
Wilker - Eu sou muito bem-mandado, fiz tudo o que eu mandei fazer (risos). É difícil você ficar nos dois lugares. Eu fiz uma coisa que me facilitou: eu me cerquei de amigos, pessoas com as quais eu trabalho há 30, 40 anos e que muito generosamente aderiram ao filme.
Diário - Quem assiste percebe que o elenco (com Andréa Beltrão, Othon Bastos, Hugo Carvana, Milton Gonçalves, Jô Soares, entre outros) deve ter se divertido nas gravações...
Wilker - Muito, foi uma grande diversão pra nós. Sabe aquela coisa de encontro de amigos? De velhos amigos que se encontram e ficam se divertindo. A gente brincou muito. Era fisicamente cansativo, mas mentalmente, um prazer diário.
Diário - A improvisação do elenco entrou no corte final?
Wilker - Sofri horrores no corte final porque eu tive que tirar uma meia hora para colocar o filme no tamanho comercial. Tive de cortar algumas intervenções, sobretudo do Othon Bastos, do Hugo Carvana, do Jô Soares. As cenas deles têm diálogos que surgiram na hora.
Diário - No filme, todo mundo é corrupto, e os personagens são exagerados. Tem alguma relação com a vida real?
Wilker - A pequena canalhice é um hábito que a gente nem se dá conta que tem. O que pode aparecer excesso no filme é absolutamente realista, porque nada daquilo que está ali foi inventado. Aquilo foi visto e reproduzido.
Diário - Além de ator, diretor, produtor, você também é crítico. Como é esta relação com a crítica?
Wilker - Crítico ou jornalista tem a obrigação de raciocinar de forma fria e linear. O artista é intuitivo. Quando trabalho, vou pela minha intuição. Eu vou farejando as coisas. Eu considero que o crítico não é uma parte separada da criação, é parte integrante e fundamental. É sempre bom esse raciocínio do crítico mais "severo" em relação às obras porque de alguma maneira elas acabam por nos ajudar.
Diário - Já leu alguma crítica do filme?
Wilker - Não li nada ainda. Eu ouvi um ou outro comentário no festival de Recife, durante o debate do filme. Mas o público que participa de festival é um público que vem com opinião formada, querendo ver determinado filme. Um jornalista queria saber qual era o gênero do filme. E aí eu falei: 'o gênero do filme é um filme do José Wilker'. É um filme com o mesmo senso de humor que tenho na vida, que chora por certas coisas e morre de rir por outras. É primo distante de Pulp Fiction (1994, de Quentin Tarantino), do Fargo (1996, dos irmãos Coen).
Diário - Crô, personagem de Marcelo Serrado em Fina Estampa (2011), também de Aguinaldo Silva, vai virar filme. É uma tendência?
Wilker - É uma troca boa. A televisão e o cinema só deram certo associados. Quando a associação começou a existir, foi genial. A Globo só cresceu quando os cineastas passaram a trabalhar lá, como o Guel Arraes. Quando os roteiristas bons foram para a televisão, como Dias Gomes, Ferreira Gullar, Claudio Paiva, o pessoal do Sul todo que foi pra lá. É uma parceria necessária.
Diário - O cinema brasileiro não tem tido representantes em festivais internacionais, como Cannes, Veneza. Por quê?
Wilker - O Brasil se deu conta finalmente que o grande prêmio que tem a receber é o da adesão do seu público. Depois vem as consequências, o resto. Não estamos ainda no percentual ideal de público, mas estamos avançando, crescendo. Não acho que seja uma coroação para o nosso cinema, por exemplo, ganhar um Oscar antes de ganhar a adesão do público brasileiro ao seu cinema.
Diário - Qual é o seu próximo projeto?
Wilker - Estou trabalhando em um roteiro para rodar no segundo semestre de 2014. É uma história no mesmo espírito do Giovanni, uma trama que conta a aventura na estrada de um time de futebol, uma orquestra e um bordel. Nada mais Brasil!
Assista ao trailer do filme:
Onde assistir (clique nos cinemas para conferir horários e salas)
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