SAÚDE
Rosane Marchetti fala sobre a superação do câncer: "a vida é um sopro"
No programação do Outubro Rosa, a repórter da RBS TV trabalha pela conscientização sobre a doença
Em 2011, a repórter especial da RBS TV Rosane Marchetti, 54 anos, adiantou em quatro meses a rotina anual de exames de saúde em virtude de uma viagem que faria a trabalho, para o Globo Repórter.
- Essa foi a minha sorte, porque foi diagnosticado um tipo de tumor (HER2+) no seio esquerdo com crescimento muito acelerado - conta a jornalista.
Foram oito meses de tratamento que incluiu cirurgia, medicação, quimioterapia e radioterapia. Até o final do mês, acontece o Outubro Rosa, mobilização mundial que visa conscientizar sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama. Você está em dia com seus exames?
O diagnóstico precoce salva vidas
- Quando detectado a tempo, as chances de cura podem ser de até 95%, se acompanhadas de tratamento ágil e de qualidade - salienta a mastologista e presidente do Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (Imama), Maira Caleffi.
Rosane contou com o tempo e o tratamento a seu favor. E, ainda assim, foi difícil.
- O câncer é um diagnóstico terrível que adoece toda a família, mas, graças a Deus, tive muito apoio - lembra.
O marido, o servidor público Luiz Roberto Martins Filho, 55 anos, dava banho nela e ajudava-a a comer:
- Quando fiquei careca e nasciam aqueles pelinhos que eram cabelos novos, era ele quem via e raspava para mim.
A mãe de Rosane, Lourdes Catharina, morava em Nova Prata e veio de mala e cuia para Porto Alegre.
- A minha filha (Camila) e a minha irmã (Adriana) também estiveram todo o tempo comigo e me deram muita força - fala, com gratidão.
Gratidão que se multiplica ao recordar da comoção pública em prol da sua recuperação:
- O que mais me surpreendeu foi a solidariedade das pessoas e as milhares de mensagens que recebi nas redes sociais. Foram palavras de carinho, de apoio, correntes de orações, novenas e tantas manifestações que, até hoje, me emocionam muito.
Uma militante alistada no exército de causa nobre
Para Rosane, essa corrente do bem, o amor da família e a sua paixão pelos animais deram-lhe força para lutar contra a doença. Mas ela se comove ainda mais ao pensar nos outros tantos casos de mulheres com câncer de mama.
- Eu tenho plano de saúde, descobri a tempo e pude fazer um bom tratamento, e quem não tem recursos? Morre! - lamenta.
A jornalista faz palestras gratuitas sobre o câncer de mama em prefeituras, entidades filantrópicas e onde mais houver espaço para a conscientização.
- Sempre que posso, vou com o maior prazer! - diz ela.
E, assim, um outro mundo foi se abrindo para Rosane:
- Sempre ajudei as pessoas, lutei a favor dos animais e acho que recebi essa energia boa de volta, que me auxiliou muito. Hoje, vejo a realidade bem diferente. A vida é um sopro, ninguém é melhor do que ninguém e descobri o que de fato tem importância na vida.
Triste liderança
O Rio Grande do Sul é o Estado com maior incidência de câncer de mama no país, devido ao perfil da população e a fatores de risco como tabagismo.
- Somente neste ano, devem ser registrados aproximadamente mais 6 mil novos casos, com previsão de 1,4 mil mortes - alerta Maira.
Em todo o país, a previsão é de 57 mil novas ocorrências e 13,4 mil óbitos, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). A partir dos 35 anos, as mulheres estão mais vulneráveis à doença, e quanto mais idade, maior é o risco. Previna-se!
- Pratique o autocuidado: aprenda a se tocar e a conhecer suas mamas.
- Mantenha hábitos saudáveis e passe longe dos fatores de risco: obesidade, sedentarismo, álcool, hormônios e tabagismo.
- Realize exames anuais com ginecologista, que incluem a mamografia a partir dos 40 anos.
- Em caso de suspeita, recorra a um mastologista que pode ser consultado pelo Sus.
- Se descobrir a doença, mas não tiver recursos financeiros, procure o Imama (Ramiro Barcelos, 850, telefone 3264-3000) para receber apoio psicológico e orientação jurídica.
Direito por lei
- O tema da campanha do Outubro Rosa no Brasil, neste ano, é a Lei dos 60 dias, que garante ao paciente com câncer o direito de começar o tratamento no Sus em, no máximo, 60 dias após o diagnóstico. Estabelece que o registro do diagnóstico e tratamento seja realizado pelo sistema eletrônico Siscan (Sistema de Informação de Câncer).
- Em institutodamama.org.br, confira a programação das atividades do Outubro Rosa.