Uma história de amor com o bombo leguero e uma grande homenagem para Antonio Augusto Fagundes. Assim Ernesto Fagundes define Crioulo, oitavo disco de sua carreira, que terá show de lançamento nesta terça-feira, na Capital. Com 12 músicas inéditas, parcerias de Ernesto com Nico, o CD passeia por milongas, chacareras e zambas. Tanto o disco quanto o show são especiais, para celebrar os 80 anos de Nico, celebrados hoje.

- O Nico é meu tio, meu parceiro, folclorista, importante demais. Ele não estará no palco, infelizmente, por problemas de saúde (em 2000, teve um acidente vascular cerebral). Mas participa como pensador, grande letrista do disco e pretende assistir ao show. Mas tudo depende do andamento das coisas no dia, já que ao meio-dia terá um almoço de família para celebrar a data - revela Ernesto.

Tradicionalista trouxe o primeiro bombo leguero para os pampas

Humilde, Nico atribui as comemorações ao número de amigos que reuniu durante a vida.

- São todos muito generosos. É a isso que atribuo o carinho. O próprio Ernesto é um exemplo: podia escolher qualquer compositor para fazer o disco com ele. Mas me escolheu. É de uma generosidade sem tamanho - afirma Nico.
Ernesto, de bate-pronto, retribui os elogios:
- Claro que o pai (Bagre) tem as principais parcerias de sucesso com o tio Nico (Origens e Canto Alegretense). Mas eu me orgulho de ter o maior número de parcerias com ele, são mais de 40. É uma honra.

O folclorista, apresentador do Galpão Crioulo, da RBS TV, por 30 anos - de 1982 até 2012-, compositor e tradicionalista, é um dos mais importantes nomes da nossa cultura. Além do Canto, ele lembra com carinho de outro hino nosso, Origens, tema de abertura do Galpão, até hoje.
- Tudo isso ao lado do Bagre, aquele maravilhoso cantor - lembra Nico.
Além disso, lembra Ernesto, foi Nico que trouxe o primeiro bombo leguero para o Rio Grande do Sul, nos anos 1950. 
- Esse bombo foi parar lá em casa. Então, comecei a tocar. Minha vida inteira foi com o bombo. E ele também me aproxima das crianças, por ser semelhante a um tambor. Meu filho, Santiago, de dois anos, é apaixonado pelo bombo- afirma Ernesto.

Principal faixa destaca hospitalidade gaúcha

No disco, e no show desta terça-feira, Ernesto conta com a participação do irmão, Paulinho, e do músico argentino Martin Sued, um dos grandes nomes do bandoneón na atualidade. Para destacar um clima de união, Ernesto escolhe como uma de suas preferidas a canção Bienvenido, uma bela milonga que abre o disco.
- É uma música que fala da integração, que aqui no Rio Grande do Sul todos são bem-vindos, todas as tribos. Particularmente, 2014 foi um ano complicado para o nosso estado, como a questões como o racismo com o goleiro Aranha e o incêndio no CTG em Santana do Livramento. E eu quero um outro Rio Grande do Sul, da integração, da tolerância- resume o músico.
O show, aliás, vai virar DVD, ainda sem data para lançamento.

- O que: show de lançamento do disco Crioulo, de Ernesto Fagundes (R$ 15, preço médio, independente)
- Quando: terça-feira, a partir das 20h30min
- Onde: Teatro Sesc Centro, Avenida Alberto Bins, 665
- Quanto: ingressos a R$ 5 (comerciários e dependentes com Cartão Sesc) e R$ 20 (público em geral).
- No local, também acontece, desta terça até o dia sete, sexta a exposição Os Fagundes, uma família unida por uma paixão: a música. A mostra reúne ensaios fotográficos de Dulce Helfer, Djuliane Rodrigues e Eduardo Rocha, com entrada franca, das 8h às 20h.

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