Tem Sapucaia na tevê
Manicures e cabeleireiras de verdade se identificam com o salão de Sexo e as Negas
A única diferença entre ficção e realidade é que, no La Belly, o preconceito fica do lado de fora
A série Sexo e as Negas mostra a vida de quatro mulheres da periferia carioca. Tem trabalho, problemas com a família e relacionamentos, encontros de lazer e, é claro, salão de beleza.
Em uma das cenas, Matilde (Corina Sabbas) recebeu um elogio por causa do seu cabelo e, logo, indicou o salão onde cuidava das madeixas. É o Sapucaia do Sul, onde trabalham Gaudéria (Alessandra Maestrini) e seus irmãos, Vinagre (Frank Borges) e Bibiana (Alessandra Verney).
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O Diário Gaúcho foi até a cidade de Sapucaia do Sul para saber se lá as cabeleireiras e manicures estão se identificando com a série. Assim como Matilde, que mulher nunca indicou seu profissional preferido para uma amiga?
A cena é bem comum entre as clientes do La Belly, que fica no Bairro Piratini, em Sapucaia.
- As minhas clientes vão falando para as outras, e o nome do salão se espalha no boca a boca - conta a proprietária Iara Barreto.
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A representante comercial Michele Huhner, cliente de Iara, está lá para comprovar:
- Uma amiga me indicou esse salão. Eu ia em outro, mas, agora, só venho aqui. Além disso, trago a minha filha!
Uma terapia de grupo
Tanto Iara, cabeleireira e manicure há 15 anos, quanto a manicure Fernanda Dias dizem que o salão mostrado em Sexo e as Negas é bastante parecido com o La Belly.
- Retrata bem o nosso trabalho, a animação, a alegria e a espontaneidade. Não tem como não se sentir representada - comenta Fernanda.
O profissional, além de embelezar a cliente, acaba servindo, muitas vezes, como confidente.
- Cada pessoa chega aqui com um problema. Nós ouvimos e, quando possível, tentamos ajudar. Mas, muitas vezes, nossos clientes só querem falar - revela Iara.
Michele concorda:
- É como uma terapia!
Ponto de encontro, o salão também é, naturalmente, um lugar onde se fala de todos os assuntos. E, assim como em Sexo e as Negas, a intimidade vira tema constante.
- Sexo é o assunto que mais rola dentro do salão! - entrega Fernanda.
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Julgamentos ficam do lado de fora da porta!
Mas nem tudo na ficção é igual à realidade. Existe uma diferença entre o salão Sapucaia do Sul, de Sexo e as Negas, e os salões da vida real: na trama, Gaudéria adora julgar os outros e já chegou a chamar o Carbureto (Izak Dahora) de "escuridão que vive atrás de mim". Um retrato que não agradou as profissionais gaúchas.
- É o único problema da série. Do jeito que mostram, parece que todo o Sul é racista. Ouvimos reclamações aqui, no salão - lamenta Fernanda.
A série, inclusive, não deve ter a sua segunda temporada por conta das críticas que têm recebido neste sentido. Mas, no La Belly, o preconceito não passa da porta.
Na média, são cem clientes por semana, de todos os tipos, raças e opções sexuais.
- Eu atendo todos os públicos. É o meu lema que passei para todas as funcionárias: todos os clientes são iguais. Por acaso, eles pagam mais ou menos? Não! Todo mundo é tratado do mesmo jeito aqui: muito bem - diz Iara.