Entretenimento



Música

Um é pouco, dois é bom, três é maratona!

Diário Gaúcho acompanhou uma maratona de bailes do grupo Bochincho, um dos mais populares do gênero no Rio Grande do Sul.

28/03/2015 - 07h03min

Atualizada em: 28/03/2015 - 07h03min


José Augusto Barros
Enviar E-mail
Camila Hermes / Especial

Longe dos cachês milionários como o de Zezé Di Camargo & Luciano (cerca de R$ 500 mil por show), a saída para músicos com abrangência mais regional é encarar uma maratona de bailes. O grupo Bochincho, por exemplo, cobra de R$ 2 a R$ 3 mil por apresentação e se vira nos 30 em uma só noite, fazendo até três shows em menos de seis horas. Acompanhamos a maratona tripla da banda na noite do dia 21 - da quinta-feira, 19, até o domingo, 22, foram sete shows. No repertório, muita disposição!

Largada estratégica

Às 19h30min de sábado, 21 de março, seis músicos (Leandro, percussão, 42 anos, Alan, gaiteiro, 21, Vini, baterista, 19, Mário, baixista, 19, Júlio, guitarrista, 21 e Diego, vocal, 21) e dois integrantes da técnica do Bochincho se encontram no ponto de partida da maratona que se estenderá pela madrugada de domingo. A largada é no Posto Garoupa, na Avenida Assis Brasil, no Bairro Sarandi, mas a preparação inicia-se bem antes.
- Ih, tem gente de tudo que é lugar. Eu até moro aqui perto, mas alguns vêm de São Leopoldo, Novo Hamburgo - explica Leandro.
A van do grupo parte dirigida pelo próprio Leandro, uma das medidas para conter gastos.

-  Antes, éramos dez. Mas tivemos que desligar dois da técnica. Tem muita despesa: combustível, divulgação, salário dos músicos, manutenção da van, site. Precisamos apertar em tudo que é parte - explica Leandro.
Zezinho, outro vocalista da banda há 13 anos no grupo, tirou férias em março e deve retornar em abril.

Engrenagem

A primeira parada acontece às 20h30min, no Baile do Gugu, no Galpão Gaúcho, no Bairro Jardim Leopoldina, na Zona Norte de Porto Alegre. É impressionante acompanhar a rapidez da montagem: em menos de dez minutos, eles retiram instrumentos, cabos e equipamentos da van para deixar tudo pronto para o show. 

- Qualquer atraso atrapalha a noite inteira. Atrasa a banda que vem depois da gente, o nosso próximo baile e assim por diante. É uma bola de neve - explica Leandro.

É muito comum que duas, três ou até quatro bandas se apresentem no mesmo baile.

Intervalo para interagir com os fãs

Sob o comando de Gugu Streit, da Rádio Farroupilha (680 AM), o baile rola solto, das 16h até a meia-noite. O Bochincho é a segunda banda a subir no palco do Galpão Gaúcho. 

- Aqui, o pessoal vem muito para dançar música gaudéria, sucessos de Os Serranos e Os Monarcas. É o que a gente toca, junto com uma ou outra do grupo - afirma Leandro.

No palco, o destaque fica para Diego: estilo galã, o vocalista arranca suspiros da mulherada na beira do palco dançando e mandando beijos. Nos bastidores, o músico, que tem namorada, comenta que a amada não tem ciúme.
- Se tem, administra muito bem. Ela ajuda muito nessa rotina puxada que temos - comenta Diego.
Antes do show, ele prefere não falar muito para preservar a voz. Enquanto isso, sentado ao lado do palco, discreto, convoca fãs pelas redes sociais para os próximos bailes e conversa com a amada.

- Tenho que preservar a voz - justifica.

Troca a jato

Pouco mais de meia hora de repertório "gauchão", e já é hora de levantar acampamento. De novo, em menos de dez minutos, a equipe desmonta toda a parafernália, lembrando o pit stop de Fórmula-1, nos boxes.

- Quanto o bicho pega, a gente chega a desmontar em sete minutos - garante Adriano, da técnica do grupo.

Na van, lembranças e pegação de pé 

No trajeto do Jardim Leopoldina até Cachoeirinha, onde o grupo fará o segundo show, o clima é de descontração na van. Enquanto Leandro, no volante, relembra momentos da trajetória do grupo - "A participação no palco Espaço Gaudério, no Planeta Atlântida, em 2005, foi inesquecível" - a gurizada se diverte com uma pegação de pé constante. A pouca idade dos integrantes, aliás, é um dos motivos para o grupo aguentar essas maratonas de estrada.

- Tem que ser gurizada para aguentar o tranco. Com o tempo, desgasta. E o nosso dia mais forte de baile é no sábado, o que gera um desgaste na família, pois muitas não entendem - argumenta Leandro (foto acima)

Versatilidade conforme o público

Mais uma vez, o grupo desce rápido da van, monta os equipamentos e conversa com o comandante da segunda festa, o radialista João Carlos Albani, da Farroupilha (680 AM). Neste baile, o repertório muda completamente.
Entra um dos hits do Bochincho, Tá Doidona, Tá Chapada, uma das mais recentes, Tá Querendo Eu Dou, e sucessos Como Amor de Chocolate, do Naldo. O público do local muda em relação ao primeiro, com uma plateia mais jovem, e com isso, os pedidos se tornam mais ecléticos.
- Tocamos o que o povo gosta de ouvir. A pista de dança é o termômetro da banda - sentencia Leandro.
Uma vez por semana, o grupo ensaia, mas já tem repertórios previamente esquematizados:

- Até pilcha usamos, se precisar.

Mais uma vez, Diego faz sucesso com a mulherada. Albani anuncia o cantor como "Luan Santana dos pampas".

Salgadinho de janta

Com os horários apertados, jantar fica descartado, mas, por sorte, no segundo baile, no Clube Veranópolis, em Cachoeirinha, a produção oferece lanche, refrigerante e energéticos.

- Vamos no salgadinho - diz o gaiteiro Alan.

E, para quem pensa que todo artista está sempre com copo na mão, os músicos ficaram só no refrigerante, no energético e na água.

Tempo para as fãs

E você acha que são só os artistas nacionais que tem fãs que querem autógrafos e fotos após os shows? Durante o baile de de Cachoeirinha, Brenda Souza, 15 anos, dançava loucamente todas as músicas do Bochincho e cantava uma por uma.
Na saída do clube, ela não se contém e pede uma foto com o grupo e uma só com Diego.

- Tenho ele no Face, acompanho tudo do grupo. Já fui em dois shows dele, aqui, em Cachoeirinha. Mas quero ir a todos - afirmou a guria, moradora da cidade, do Jardim Santo Ângelo.

Última parada

A última parada é em Bom Princípio, distante cerca de 60km de Porto Alegre. Com energia, o grupo toca hits durante duas horas, no Salão Persch lotado. 

- Estrada cansa, sem dúvida. Mas a gurizada é pilhada - garante Leandro.
E acha que eles têm descanso depois dessa maratona? Na noite seguinte, de domingo, o Bochincho ainda fez baile em São Leopoldo, contabilizando sete bailes da quinta-feira, 19, até o domingo, 22. Ufa!

DVD ao ar livre

Com dez anos de estrada e nove CDs gravados, Bochincho ainda não gravou o tão sonhado primeiro DVD. Algo tão popular nos dias atuais, é um sonho dos músicos.
Mas o alto custo ainda não permitiu a gravação. Entre um baile e outro, em Cachoeirinha, Leandro fica um pouco mais sério, lamenta o custo de uma gravação, mas revela o sonho:
- Gostaria que fosse no Parcão de Gravataí, a minha terra, e ao ar livre. Espero que 2015 seja ano de realizar o sonho!

Leia mais sobre famosos e entretenimento


MAIS SOBRE

Últimas Notícias