Coluna da Maga
Magali Moraes sobre esmaltes: "Minha técnica é a do remendo"
Você sabe que a vida não é justa quando enxerga o primeiro lascadinho de esmalte na mão recém-feita. Voltar ou não ao salão, eis a questão. A partir de agora, é impossível admirar as outras nove unhas que ainda estão intactas. Seus olhos não conseguem desgrudar do rombo no esmalte. Para o azar ser completo, só falta levantar aquelas pelezinhas que chamam o dente: vem, vem!
Frustração, esse é teu nome. Estabanada, o sobrenome. O problema é que o inocente lascadinho é uma porta aberta para o descontrole. Em pouco tempo, você vai descascar o resto do esmalte como se fosse um leão destroçando uma carniça. Ótimo pra acalmar a ansiedade, péssimo pra quem vai passar o resto da semana escondendo a mão detonada embaixo da mesa. Cadê o esmalte lindão, escolhido a dedo? Virou pó.
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A arte de remendar
Eu não faço assim, minha técnica é a do remendo. Prefiro levar meu esmalte pro salão e remendar à vontade depois. Como se eu fosse uma restauradora de obras de arte, só que não. Às vezes dá certo, aí me empolgo e começo a arrumar o que mal estragou (e dá errado, claro). Tem semanas em que as minhas unhas ficam mais recapadas que estrada gaúcha. De longe, engana. Se olhar contra a luz, assusta.
Cada remendo de esmalte pede uma demão de extra brilho pra disfarçar. É inacreditável a quantidade de camadas que a unha humana pode receber. Quem está sempre com pressa, como eu, faz o quê? Enfia a mão na bolsa pra pegar a chave antes do remendo secar por completo. Rápido, rápido, alguém alcança um cotonete molhado com acetona!! Eu deveria remover tudo e pintar do zero, mas não consigo limpar o esmalte ao redor.
Talvez o melhor seja ignorar o primeiro lascadinho e seguir a vida. Porque horário pra fazer a unha dignamente só semana que vem.
* Diário Gaúcho