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Coluna da Maga

Magali Moraes: a janela ribeirinha

16/10/2015 - 07h03min

Atualizada em: 16/10/2015 - 07h03min


Miguel Neves / Divulgação

Sempre que chove, eu corro pra janela. O motivo não é nada poético. É uma janela da sala onde entra água. Um buraquinho irritantemente minúsculo na parede junto ao vidro que, às vezes, parece um riacho escorrendo. Já mandamos arrumar, teve até obra. Me pergunta se ficou bom? A água é traiçoeira, difícil de lidar. O único jeito de consertar de uma vez por todas, conforme disseram, é arrancar toda a estrutura da janela e fazer de novo. Jura?
Não é sempre que entra água, depende do vento. Isso faz com que eu empurre o problema com a barriga. Porque depois da chuva vem o sol. Vou levando assim, nos primeiros pingos eu olho aflita pro céu. Boto pano no chão, fico monitorando a água e penso: preciso achar uma solução. Se a água não invadir a janela, eu viro as costas e vou cuidar da vida. Talvez você passe o mesmo trabalho com goteiras no telhado, uma calha que sempre entope e faz estrago, uma eterna infiltração no teto do banheiro.

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Solução

Acompanhando as notícias do último aguaceiro e das famílias desabrigadas, me dei conta que essa maldita janela é ribeirinha, mesmo estando bem longe do nível do chão. Numa escala um milhão de vezes pior, essas famílias que não têm nada e perdem tudo a cada chuva também empurram o problema com a barriga. Elas sabem que precisam resolver esse pepino que é ficar à mercê das águas, mas como? Tem um ditado que diz: "Se não tem solução, solucionado está". Porque depois da chuva vem o sol. E outras preocupações aparecem. Trazer comida pra dentro de casa, por exemplo.
Já tive a experiência nada agradável de ter metade do apartamento alagado por causa de uma lavaroupas. Se poucos centímetros de água provocam um caos na rotina e no bolso, imagine água batendo na altura do joelho. Enquanto eu não resolvo minha janela e os ribeirinhos não acham outro lugar mais seguro pra morar, a gente faz o que pode. Eu levei doações para as famílias que estão esperando a vida secar no Ginásio Tesourinha em Porto Alegre. E você?

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