Coluna da Maga
Magali Moraes: barraqueiros no trânsito

Semana passada, indo de manhã pro trabalho, assisti a uma cena de perseguição de carros. Não era polícia e ladrão. Apenas dois marmanjos se implicando no trânsito. Eles dirigiam em alta velocidade, emparelhavam os carros e se enchiam de desaforos. Depois um arrancava e colocava seu possante na frente do outro, trancando a passagem. Logo adiante invertia a situação, o de trás ultrapassava e começava tudo de novo. Masculinidade ferida, sabe assim?
Andaram quilômetros nessa disputa de beleza, esquecendo que ao redor as pessoas só queriam se locomover pela cidade. O motivo da briga era minúsculo, do tamanho do cérebro deles. Numa curva, um carro fechou o outro, possivelmente sem querer. Mas não! Imagina se um homem vai deixar uma afronta dessas por menos, melhor bancar o louco e sair perseguindo pra acertar as contas na próxima sinaleira.
Homens e mulheres
Enquanto os Velozes & Furiosos sumiam de vista, pensei que duas mulheres jamais fariam uma cena igual. Mulher no volante, perigo constante. Será mesmo? Além da gente ser mais gentil no trânsito (com exceções, é verdade), temos um instinto maior de proteção. E coisas mais importantes pra fazer na vida. Se aqueles babacas estivessem com as namoradas ou filhas dentro do carro, a brincadeira não ia durar. Sozinhos, eles se agigantaram. Não pilotaram Hot Wheels o suficiente quando criança.
Sério, eu tenho preguiça de gente barraqueira no trânsito. Também tenho medo. Odeio bate-boca, grosseria, buzinaço e quem se acha o dono da rua. Já que Azulzinho nunca aparece nessas horas, meu lema é manter distância regulamentar de motorista esquentadinho. Dirigir ouvindo música é uma boa pra relaxar. E tem aquele conselho antigo, mas sempre útil: meu amigo, vai carpir um lote.