Coluna da Maga
Magali Moraes: dentro do avião
Não importa se você viaja pra uma cidade no estado vizinho ou se atravessa o oceano. Também não faz a menor diferença se você pagou sua passagem à vista, se parcelou em 72 vezes ou raspou as milhas. Quando o piloto aterrissa, bate a mesma vontade de pisar no solo e cair fora do avião. As aeromoças devem fazer uma aposta pra ver qual passageiro vai levantar primeiro e desencadear o efeito manada, onde todo mundo pula dos assentos como se subitamente as poltronas criassem espinhos.
É ansiedade, desespero coletivo, má educação, claustrofobia, espírito competitivo ou uma inocente necessidade de esticar as pernas? Tanto faz. Enquanto as portas não abrirem, ninguém entra e ninguém sai. Eu sou da turma que prefere ficar espremida em pé, esperando a largada. Uma maratonista de avião, louca pra cruzar a linha de chegada e ganhar o Troféu Afobadinha. Nem o cinto de segurança me segura. E proteja a cabeça porque em 3, 2, 1, eu já puxei a mala do compartimento superior.
Turbulências
O que alivia a minha consciência é saber que tem coisa pior durante o voo. Desodorante vencido do cidadão ao lado. Guerra de cotovelos pra ver quem toma posse do braço da poltrona. Amigão que ronca e despenca a cabeça no seu ombro. Música berrando nos fones de ouvido de alguém. Bexiga solta do passageiro sentado na janela, e você literalmente no meio do caminho. E nas viagens longas, ainda tem o chulé de quem tira o sapato pro pé não inchar.
Apesar dessas turbulências, do pãozinho gelado no café da manhã, das alças quebradas das malas, do nariz que entope e da lombar que dói, do tempo perdido no aeroporto, eu adoro viajar de avião. Especialmente se a minha família estiver comigo. Pra alegria ser completa, me dê uma revista nova, a poltrona do corredor, nuvens fofas lá fora e a alegria de voltar pra casa depois.