Coluna da Maga
Magali Moraes: #meuamigosecreto
Semana passada essa hashtag bombou nas redes sociais, e não foi porque o Natal está chegando. A internet é um microfone aberto onde todo mundo tem voz. Algumas vozes falam muita bobagem, mas um tema importante sempre ganha força. Nessas horas, usar a mesma hashtag pra se expressar é unir diferentes pontos de vista numa roda de conversa. É bom acompanhar a discussão e se colocar no lugar dos outros antes de julgar. Quem é esse amigo secreto que as mulheres reclamam? É um amigo da onça, isso sim. Não é um homem, são muitos.
#meuamigosecreto passa a mão na bunda, faz comentários grosseiros, persegue, incomoda, abusa, reprime, provoca, rebaixa, discrimina. Através dessa hashtag, as mulheres estão botando pra fora o caroço de manga atravessado na garganta e contando casos embaraçosos, perigosos, violentos, humilhantes. O coro de vozes só aumenta. Porque não contaram antes? Por vergonha e até por mecanismo de defesa (bloquear é apagar a tristeza). Se fosse um amigo secreto de verdade, garanto que elas devolviam correndo o papelzinho pro pote.
Mimimi? Por um momento achei que fosse. Depois que li os depoimentos de amigas próximas, colegas do trabalho, conhecidas e desconhecidas, mudei de ideia. E me enxerguei em várias situações ao longo da vida. Tem que ter coragem pra remexer no passado (ou no presente) e se expor. Apesar de ninguém citar nomes, o chapéu precisa servir para o jogo virar definitivamente.
#meuamigosecreto, agora que tá todo mundo te olhando, lembra que tu deve ter mãe, irmã, filha, namorada, vó, tia, prima, sobrinha, amiga. Elas também sofrem com esse tipo de comportamento. Lógico que existem homens bacanas que são a exceção da regra, da mesma forma como existem mulheres que puxam as outras pra baixo. Por isso a importância de ler esses relatos e parar pra pensar. É justamente o que nos diferencia dos animais: a capacidade de refletir.