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Conheça a história de Jaqueline, a mãe que entrou na faculdade para ajudar o filho autista

Além de voltar a estudar Jaqueline, buscou ajuda gratuita em escolas e ONGS. Saiba como procurar também

04/12/2015 - 10h13min

Atualizada em: 04/12/2015 - 10h13min


Mateus Bruxel / Agencia RBS
Jaque(C) foi cursar pedagogia para mergulhar no mundo de Cadu com a ajuda da profe Letícia

O dia 19 de julho de 2007 foi o mais feliz na vida de Jaqueline de Oliveira Machado, 28 anos, do Bairro Vila Nova, na Zona Sul da Capital. A gestação transcorreu sem problemas, com direito a todos os exames do pré-natal. -Lembro da enfermeira me mostrando aquele bebê lindo, foi um momento único,recorda ela.

Mas Carlos Eduardo,o Cadu, aos três anos de idade, ainda não falava, só balbuciava palavras:Todo mundo me dizia que não era para eu me preocupar porque, no menino, a fala acontece mais tarde. Mas Jaqueline resolveu buscar ajuda médica. E começou pelo pediatra, que repetiu o discurso de que garotos começam a falar depois que as meninas.

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No dia a dia, ela foi percebendo outras diferenças. Quando ele ia no balanço, e tinha outra criança, era como se estivesse só conta com os olhos marejados.

Decidida a saber o que estava acontecendo, Jaque procurou um neurologista, que fez uma série de exames em Cadu e encaminhou-o a um psiquiatra. A ida a este médico representou um divisor de águas na vida dessa mãe cheia de dúvidas.- Ele abriu um armário cheio de carrinhos, o Cadu ficou olhando para todos aqueles brinquedos e se isolou no mundo dele.

Foi aí que o psiquiatra me disse: "Ele é autista". -E, logo depois, assinou o diagnóstico lembra ela. Dali em diante, a vida da então vendedora mudaria drasticamente. Jaque deixou de trabalhar para cuidar do filho, e as despesas da família passaram a ser bancadas unicamente pelo marido, o eletricitário Carlos Vinicius Pereira, 32 anos.

-Nós fazemos uma ginástica pra dar conta do orçamento admite ela, que passou a pesquisar sobre a doença e procurou grupos de apoio: Eles têm um mundo só deles, e eu precisava entender isso.

Derrubando barreiras
Nas suas andanças, descobriu que a família que tem um autista enfrenta dois obstáculos: o primeiro é perder o medo e permitir que o filho especial tenha uma vida como as das outras crianças, e o segundo é conseguir um colégio que incentive essa convivência. Jaqueline matriculou Cadu na escola municipal Vila Monte Cristo, na zona sul de Porto Alegre, mas tinha medo de que ele não se adaptasse. -A mãe vem de uma situação de proteção, e essa adaptação é o primeiro obstáculo que assusta. Mas a escola  trabalha há 20 anos com inclusão explica a professora e pedagoga Letícia Viegas.

Cadu, que tem um grau severo de autismo, não para. Caminha todo o tempo, observa muito e adora um computador.Ele é o único aluno autista da sala de 23 estudantes com a mesma idade que a dele. Além da professora que cuida da alfabetização, ele conta com o acompanhamento de um serviço especializado em educação especial.
Os coleguinhas convivem tranquilamente com o seu ritmo.

Cadu não fala, mas tem noção de espaço, sabe onde fica o banheiro, o pátio e o refeitório. -Ele já se expressa e sabe mostrar o que quer fazer. A partir daí, a gente ajuda na evolução explica a pedagoga. E é assim que, no primeiro ano do ensino fundamental, ele está sendo alfabetizado. -Eu fico feliz ao ver o meu filho convivendo com os demais, participando da vida em sociedade. Meu coração se enche de emoção! comemora Jaqueline.

Tanto que a mãezona decidiu tentar uma vaga na Ufrgs para cursar Pedagogia e conseguiu: está no quinto semestre da faculdade.-A minha escolha pelo curso está totalmente atrelada à síndrome do meu filho. Com isso, pretendo entender melhor esse processo na inclusão escolar para crianças especiais determina-se a guerreira. 

Saiba mais
Autismo é uma doença em que a criança tem acentuado atraso no desenvolvimento da fala e do relacionamento. De acordo com o neuropediatra do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Rudimar Riesgo, em geral, o diagnóstico vem por esse atraso na fala, e a criança costuma ter mais interesse por objetos do que por pessoas.

A causa não é definida, mas cogita-se que haja um componente genético. Duas formas de tratamento se completam:  medicação e atendimento de especialistas.

Pela inclusão
/// Ong Autismo&Vida: o atendimento é gratuito. Uma vez por mês, são realizadas palestras abertas à comunidade com pais e profissionais da área médica. Acesse autismoevida.org.br.
/// Participe: mande e-mail para contato@autismoevida.org.br e agendar uma consulta gratuita com profissionais de diferentes áreas para maiores esclarecimentos sobre a doença.
/// Ensino: nas escolas públicas da Capital, se existir vaga em uma das 50 (de um total de 98 colégios) com inclusão, a criança é matriculada e encaminhada para o Serviço de Apoio à Inclusão (Sir). No Estado, o processo é o mesmo nas 1.037 mil escolas que têm esse serviço do total de 2.550 mil escolas.


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