Coluna da Maga
Magali Moraes: a favor das minorias
É, meus amigos. Não é só o peru que sofre em dezembro. Nessa época do ano, algumas minorias são duramente separadas do convívio social. A uva-passa, por exemplo. O paladar da maioria não aceita essa pequena notável. Já viu quanta gente tem chilique quando encontra uva-passa na comida? Pura implicância, muitos nunca provaram. E esse preconceito aumenta na noite de Natal. É como se, depois de todos os sapos que tivemos que engolir durante o ano, fosse insuportável mastigar uma uva-passa sequer.
Por mais que as cozinheiras insistam em colocar duas cores de uva-passa no arroz à grega da ceia, esse nobre ingrediente será escanteado em 99% dos pratos. O presunto picado ninguém reclama, ainda mais se for Sadia. Mas a uva-passa, com sorte, vai servir de munição na guerrinha de comida dos primos, caindo no tapete da sala e ficando ali até ser engolida pelo aspirador de pó na manhã seguinte. Esse, sim, papa tudo.
Salsinha
Falando em minorias alimentícias, a uva-passa só perde pra salsinha. Taí outra que sofre. Ela também será escurraçada se ousar aparecer na noite de Natal. Imagine esperar o Papai Noel com verde no dente? Como se ele nunca tivesse ficado com um resto de salsinha preso no fio da barba depois do almoço. Por mais que o mundo mude e as pessoas evoluam, sempre vai ter alguém catando salsinha com cara de nojo.
Quer mais minorias incompreendidas? As tampas do pão de sanduíche, que sempre sobram dentro da embalagem. São como pernas-de-pau do futebol, as últimas a serem escolhidas pro time. Bordas de pizza também fazem parte desse grupo de renegados. Nem a invenção da borda recheada conseguiu solucionar o problema. Elas nunca serão pizza, é o que dizem. Mas voltando à uva-passa, musa das minorias. Se tudo passa na vida, por que a uva-passa não pode passar a ser apreciada? Ajude! Se não for por ela, que seja pelo espírito do Natal.