Coluna da Maga
Magali Moraes: inutilidades domésticas
Estou criando coragem pra fazer uma limpa na cozinha, e nem vou precisar de Veja X-14. Sei onde atacar: as gavetas dos talheres, que têm de tudo, até talheres. Se eu der uma batida nos armários (especialmente os aéreos) vou encontrar ainda mais tralhas. Sabe aqueles utensílios inúteis que a gente compra jurando que vai usar? Me dei conta disso ao guardar a última aquisição: um caninho de metal superprático pra furar coco verde. É, eu caí nessa. Tive uma fantasia tropical de guria de apartamento. Olhei pro coco no supermercado, ele olhou pra mim, daí olhei pro lado e achei essa engenhoca. Por apenas R$ 7, eu realizaria pra sempre o sonho de tomar água de coco ao natural, no aconchego do lar, sem decepar um dedo com faca. Apesar do caninho, não tive força pra furar o coco sozinha. Chamei o maridão e pá! Foi como abrir um poço artesiano. Voou água de coco pra tudo que é lado. O que sobrou, eu tomei. Uma delícia, mas na próxima vez vou comprar a de caixinha.
Bazar
Além do tal cano, preciso me livrar do medidor de espaguete, abridores de lata e garrafa, afiador de faca, forminhas pra fazer ovo frito nunca usadas, coadores, copinhos de medir, fatiador de maçã, colherinhas de plástico que sobraram de um aniversário em 2005 e outras inutilidades domésticas. Eu poderia trocar tudo isso por um funil basicão, que não tenho e faz falta (não tanta assim, vai).
Agora não sei se chamo o Mensageiro da Caridade ou organizo um brique do desapego. Também pode ser um chá de panela ao contrário, onde as convidadas chegam de mãos abanando e levam embora uma inutilidade à livre escolha. Aposto que não sou a única acumuladora. Nesse momento, você deve estar pensando nas traquitanas que tem na cozinha e não passa adiante. Traz aqui pro meu bazar. Fazemos qualquer negócio.