Coluna da Maga
Magali Moraes: relógios parados
Com o perdão do trocadilho, há horas eu penso em escrever sobre os relógios de rua de Porto Alegre. Não posso ver eles desligados, sem a menor utilidade, parados feito poste. Enquanto isso, os habitantes dessa Porto nem tão Alegre ficam perdidos no tempo. Desde julho, a gente não pode mais comparar a diferença de temperatura de um bairro pro outro (isso ajuda a desestressar no trânsito, sabia?). E que graça vai ter o verão, sem ninguém fotografar relógio de rua marcando 40º à sombra pra fazer a piadinha que mora em Forno Alegre?
Antes de abril de 2016, nada vai acontecer por causa da licitação e blablablá. Sabe o que eu faria com esses relógios até lá? Arte! Uma bela exposição pra gente descansar os olhos e esquecer dos buracos, assaltos, obras inacabadas e lixo nas esquinas. Eu emprestaria cada relógio pra um artista embelezar a cidade. Lembra do sucesso da Cow Parade, com todas aquelas vaquinhas espalhadas por aí? Os relógios se transformariam em telas em branco pra nos encantar e humanizar a cidade. Uma maneira das pessoas se apropriarem das ruas, assunto tão falado hoje em dia.
Minuto de sabedoria
Será que a gente precisa mesmo de mais relógios pra nos pressionar? Lembro bem como eles me olhavam acusadores quando ainda estavam funcionando. Era como se, a cada minuto, um deles dissesse: "Maga, tá atrasada de novo?!", "Maga, isso são horas?!" E eu correndo contra o tempo pra dar conta de tudo.
Talvez a melhor ideia seja tirar logo esses relógios de circulação, derreter o ferro pra fazer bancos de praça e diminuir a poluição visual. Eu troco cada relógio de rua por uma árvore, você não? Já bastam o relógio-ponto, o do celular, o de pulso, o do micro-ondas, o da cabeceira da cama. Por favor, algum leitor querido manda o DG de hoje pro prefeito ler a minha coluna? Posso ajudar. Pergunte-me como.